Equação ainda a resolver

Nelson Tucci

“Nesta terra, em se plantando tudo dá”… diz aquele famoso trecho da carta escrita por Pero Vaz de Caminha a El Rei D. Manuel I, o Venturoso, em 1500. Certeza ninguém tem, mas desconfia-se que os lusos já sabiam o que diziam há muito tempo pois nestas terras já tinham aportado várias vezes. É possível que tratassem os nativos até pelo nome e, assim, davam uns migués globais. O fato é que de lá pra cá rolou muito samba, choro e rock and roll e o Brasil, em 2023, é o maior produtor mundial de cana de açúcar e o terceiro em milho.

Logo, extrair etanol para uso automotivo de fontes renováveis, em um país de extensas terras – e a cada dia mais produtivas –, acrescida da vantagem de termos catalogada a extraordinária inovação no desenvolvimento de motores flex, fica fácil. Tão fácil que o país ainda patina nas fontes de alimentação dos combustíveis para nossos intrépidos “carros populares”.

A safra atual (2022/23) deverá render 27 bilhões de litros de etanol de cana-de-açúcar (combustível descoberto no país há pelo menos 50 anos). O milho já responde por 15% de toda a geração de etanol por aqui e a estimativa de produtores é que este grão vá suprir 20% do mercado de biocombustíveis até 2030. Ou seja, fontes de energias renováveis, contribuindo para o abastecimento e melhoria do ar existem. A questão são os fatores exógenos nesta equação.

O dia em que todos entendermos o porquê de se pensar primeiro no carro Plus XPTY e depois no popular, e se avançar nos motores elétricos e só depois pensar no custo de produzi-los e alimentá-los, bem como em uma rede de abastecimento, aí sim, a equação ficará mais fácil de ser resolvida, sem necessidade de se dar tantos migués e nem deixar os brazucas se sentindo uns manés.

Nelson Tucci é jornalista, editor de Veículos & Negócios, atualizada semanalmente em www.veiculosenegocios.blogspot.com.br