Primeira, segunda, ponto morto…

Nelson Tucci

O que chamamos de “Neutro” hoje, na alavanca de câmbio, em um passado recente era “ponto morto”, ou seja, o carro desengrenado. Neutro até fica mais bonitinho, mas o ponto morto reflete mais determinadas situações. A indústria automotiva está desengrenada, mesmo com o incentivo tributário do governo para carros ditos “populares”, cujos preços são incompatíveis com a classificação e o bolso de gigantesca parcela de brasileiros.

Ainda que o plano do governo de oferecer subsídios tributários para o setor tenha feito um aceno, os pátios continuam lotados. O brasileiro anda f… fulo da vida com tanta manobra e pouco resultado. A desaceleração nem sempre tem origem em único fator, mas vamos a um deles que pouco se fala nesses tempos de “Brasil pra frente”: nada menos que 70% (SETENTA !!!) dos compradores de automóveis (novos e usados) recorrem ao financiamento. Faça uma rápida simulação (ou peça para quem domina melhor os números que você) para ver O QUANTO DE JUROS você pagaria em uma aquisição de veículo que, não raras vezes, acaba primeiro que o carnezinho… (pra quem não sabe, carnezinho eram os boletos todos emitidos de uma única vez e grampeados em formato de talão).

Enquanto o bólido não deslancha, fábricas vão parando. Já são 13 as que usaram a alavanca em “N” este ano (VW, GM, Stellantis, Volvo, Hyundai…) Na semana que passou, a Volks informou que “haverá parada de produção em suas fábricas de automóveis por conta da estagnação do mercado”. A unidade de São José dos Pinhais/PR, onde é produzido o T-Cross, está com um turno em layoff desde o dia 5 de junho (com duração prevista entre 2 e 5 meses). O outro turno de produção esteve parado de 26 a 30 últimos, em regime de Banco de Horas. A unidade de Taubaté/SP, onde são fabricados o Polo Track e o Novo Polo, iria parar dois turnos de produção, também de 26 a 30 de junho, em regime de Banco de Horas. A fábrica Anchieta, em São Bernardo do Campo/SP, onde são produzidos o Novo Virtus, Novo Polo, Nivus e Saveiro, protocolou férias coletivas de 10 dias previstas para os seus dois turnos de produção a partir do dia 10 deste mês. Segundo nota emitida pela montadora, “todas as ferramentas de flexibilização estão previstas em acordo coletivo firmado entre o sindicato e colaboradores da Volkswagen”.

Já os metalúrgicos da General Motors de São José dos Campos/SP aprovaram acordo entre sindicato e montadora, para suspender um turno da fábrica, por até 10 meses. Ali são produzidos a picape S10 e o TrailBlazer.

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