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Publicado em 6/09/2022 - 6:55 am em | 0 comentários

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Em Santos, monumentos reverenciam figuras marcantes da Independência

Praça da Independência: coração do Gonzaga

Em Santos, monumentos reverenciam figuras marcantes da Independência

Terra natal de José Bonifácio, Patrono da Independência, de outras figuras importantes para a consolidação do processo, e cenário de momentos que precederam o Grito do Ipiranga, Santos é referência no país na luta pela libertação de Portugal. Em reconhecimento ao protagonismo no histórico sete de setembro, a cidade ergueu monumentos a importantes personalidades que não mediram esforços pela liberdade.

A mais célebre das homenagens é a estátua aos irmãos Andradas, que além de José Bonifácio, reverencia Martim Francisco Ribeiro de Andrada e Antônio Carlos Ribeiro de Andrada e Silva. A obra fica na Praça da Independência, coração do Gonzaga. Alguns destes monumentos muitas vezes passam despercebidos na pressa do dia a dia, mas estão ali para lembrar a relevância dessas pessoas e marcar seu importante papel na consolidação da liberdade, formação da história e cultura brasileiras.

Importante peça foi a construída a Joaquim Marques Lisboa, o Almirante Tamandaré (1807-1897), Patrono da Marinha do Brasil e um dos mais proeminentes participantes das batalhas em mar pela consolidação da Independência. Ele é homenageado com um busto na Avenida Bartolomeu de Gusmão, 52, no Embaré. Sua imagem fica de frente para o mar, por onde entram e saem os navios no Porto de Santos.

Muita gente não sabe, mas a Independência não foi conquistada apenas com o famoso Grito do Ipiranga. Diversas batalhas foram necessárias. Após o 7 de setembro de 1822 o Brasil criou uma esquadra, com homens leais que lutaram tanto para expulsar as tropas lusitanas fiéis à Coroa, quanto para conquistar a adesão da Bahia, Maranhão, Pará e Cisplatina (atual Uruguai).

Em geral, essas tropas eram comandadas por mercenários (estrangeiros contratados), mas diversos brasileiros fizeram parte e se destacaram, caso de Tamandaré. Ele se alistou aos 15 anos para participar dos combates pela liberdade, sendo fundamental nas batalhas marítimas na costa da Bahia e, depois, a bordo da Fragata Niterói, sob o comando de John Taylor, da perseguição da força naval portuguesa até a costa de Portugal.

Português de nascimento, mas brasileiro de coração, Francisco Manoel Barroso da Silva ou Almirante Barroso (1804-1882) foi militar da Armada Imperial Brasileira. Ao lado do Almirante Tamandaré, foi importante em diversas batalhas navais que ajudaram a consolidar o país como nação. Como guarda-marinha e, depois, tenente, lutou na Guerra da Cisplatina, a bordo de navios da Marinha Imperial brasileira. Participou de diversos combates; atuou na repressão à Revolta da Cabanagem, na Província do Pará, e na Guerra dos Farrapos, no Sul, durante o período regencial.

O monumento fica na Praça Amigos da Marinha, recém-revitalizada pela Prefeitura, na confluência das avenidas dos Bancários e Rei Alberto I, na Ponta da Praia.

Grande parte da luta pela liberdade do país se fez no campo político e neste contexto está José Feliciano Pinheiro Fernandes Nunes, mais conhecido como Visconde de São Leopoldo (1774-1847). Eleito deputado para as cortes portuguesas em 1821, voltou ao Brasil pouco depois da Independência, tornando-se figura fundamental no Império, sendo conselheiro, senador e ministro da Justiça, além de ter sido nomeado presidente da província do Rio Grande do Sul.

Mas a maior contribuição do visconde para o novo país foi a luta pela educação universitária. Formado em leis e cânones pela Universidade de Coimbra, em Portugal, propôs na Assembleia Constituinte, em 14 de junho de 1823, pela primeira vez, a criação de cursos jurídicos no Brasil. Em atenção ao pedido, em 1827, o Imperador dom Pedro I, por meio de lei cria dois cursos de ciências jurídicas e sociais, um na cidade de São Paulo e outro em Olinda/PE.

A importante figura histórica santista é homenageada com uma placa de bronze em alto relevo na Avenida Visconde de São Leopoldo, 64, quase de esquina com a Rua XV.

O historiador da Fundação Arquivo e Memória de Santos (Fams), José Dionísio de Almeida, ressalta a importância dos personagens retratados nos monumentos de Santos como fundamentais para consolidação da Independência: “Tanto o Almirante Tamandaré, quanto o Almirante Barroso foram pessoas que estavam a serviço do Brasil e se colocaram ao lado da Independência quando foi preciso confrontar as tropas portuguesas”.

O historiador lembra que neste período não o País ainda tinha as forças armadas como hoje: “Mesmo não tendo uma Marinha e um Exército totalmente formado, o Brasil conseguiu se contrapor a quem lutou contra a Independência, em favor de Portugal”. Sobre Visconde de São Leopoldo, Dionísio destaca o fato dele ser um santista com enorme destaque no princípio do Brasil Império que, por meio da política ajudou a consolidar o país, participando de processos importantes como da primeira Constituição: “Foi uma pessoa de conhecimento muito vasto em diversas áreas; na Constituinte de 1923 propôs a criação dos primeiros cursos jurídicos do Brasil e participou intensamente da política nacional”.

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