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Publicado em 13/05/2023 - 6:59 am em | 0 comentários

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De estresse à demência, como a homofobia compromete a saúde mental

Propensão a desenvolver declínio cognitivo na Terceira Idade

De estresse à demência, como a homofobia compromete a saúde mental

Na quarta-feira, 17, é celebrado o Dia Internacional da Luta contra a Homofobia, ou LGBTfobia, o International Day Against Homophobia, criado pelos movimentos sociais e de defesa dos direitos humanos em memória a 17 de maio de 1990, quando a homossexualidade foi excluída da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID), da Organização Mundial da Saúde (OMS).

“Também conhecida como Dia Internacional contra a Homofobia, Transfobia e Bifobia, a data visa conscientizar a importância da luta contra a discriminação da sexualidade ou identidade de gênero”, frisa Claudia Petry, pedagoga com especialização em Sexologia Clínica, membro da Sociedade Brasileira de Sexualidade Humana (Sbrash) e especialista em Educação para a Sexualidade pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC/SC).

Um estudo conduzido por pesquisadores da Unesp e da USP, publicado na revista científica Nature Scientific Reports, mostrou que o percentual de brasileiros adultos declarados assexuais, lésbicas, gays, bissexuais e transgênero é de 12%, ou cerca de 19 milhões de pessoas, levando-se em conta os dados populacionais do IBGE.

Os resultados da pesquisa apontaram que, dentre os 12% considerados Lgbtqia+, 5,76% são assexuais, 2,12% são bissexuais, 1,37% são gays, 0,93% são lésbicas, 0,68% são trans e 1,18% são pessoas não-binárias.

Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, o número de agressões contra Lgbtqia+ registradas no ano de 2021 foi de 1.719, um aumento de 35,2% em relação a 2020, quando foram registradas 1.271. Já o número de estupros passou de 95 para 179.

Segundo Claudia, a comunidade Lgbtqia+ passa diariamente pela sensação de não pertencimento à sociedade, de não se enquadrar no espectro binário de orientação sexual e identidade de gênero, sendo fortes gatilhos para desencadear transtornos comportamentais. Confira alguns deles:

Distúrbios mentais. Vários estudos realizados pela Mental Health Foundation, instituição no Reino Unido voltada à promoção da saúde mental, confirmam que homossexuais e transexuais têm maior suscetibilidade a transtornos psiquiátricos em comparação aos heterossexuais.

Declínio cognitivo. Uma pesquisa da Universidade do Estado de Michigan, liderada por docentes de Sociologia da instituição e divulgada no The Gerontologist, trouxe um dado alarmante: indivíduos Lgbtqia+ possuem maior propensão a desenvolver comprometimento cognitivo leve ou demência precoce na terceira idade, em comparação a adultos heterossexuais na mesma faixa etária. O trabalho comparou habilidades cognitivas de 3.500 adultos Lgbtqia+ e heterossexuais, usando uma ferramenta de triagem e um questionário que testa seis domínios. Essas áreas incluíam orientação temporal, linguagem, habilidades visuoespaciais, função executiva, atenção, concentração e memória de curto e longo prazo. Dentre as conclusões, o estresse e a depressão, comuns nesse grupo, foram considerados os fatores de risco mais importantes para o declínio cognitivo ao decorrer da vida.

Baixa qualidade de vida. Um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a partir de microdados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) do IBGE, revelou que a população Lgbtqia+ no Brasil possui, em média, três vezes mais chance de sofrer violência física do que o público heterossexual. O Instituto Nacional de Estatísticas Britânico (ONS) corroborou com a tese: suas pesquisas indicaram que as métricas de qualidade de vida de pessoas da comunidade Lgbtqia+ eram mais baixas do que as registradas por heterossexuais.

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