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Publicado em 1/06/2023 - 6:46 am em | 0 comentários

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Conectividade a escolas em comunidades remotas e sem energia elétrica

Projeto do CPQD beneficiará 4.600 escolas públicas

Conectividade a escolas em comunidades remotas e sem energia elétrica

A inclusão digital de comunidades remotas do país é o foco de um novo projeto que vem sendo conduzido pelo Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPQD), de Campinas, com o apoio de recursos do Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações (Funttel), do Ministério das Comunicações, e da Finep. O objetivo é levar conectividade a cerca de 4.600 escolas públicas que não dispõem de acesso à internet banda larga e nem de energia elétrica. De acordo com dados divulgados em maio pelos Ministérios das Comunicações (MCom) e das Minas e Energia (MME), o país possui atualmente 8.300 escolas sem acesso gratuito à internet, das quais 4.600 não têm energia elétrica.

Para isso, o projeto contempla também a implantação de uma infraestrutura de energia para alimentar os equipamentos de telecomunicações – como modems satelitais, roteadores e Wi-Fi –, a serem instalados nas escolas beneficiadas. A intenção é instalar um sistema individual de geração de energia elétrica com fonte intermitente (conhecido pela sigla Sigfi), usando painéis fotovoltaicos e baterias para armazenar a energia gerada.

“Como o Sigfi estará em locais remotos, em geral de difícil acesso, seu gerenciamento é um desafio que precisa ser superado para garantir a disponibilidade e a confiabilidade dos sistemas de energia elétrica e de telecomunicações”, afirma Aristides Ferreira, gerente de Soluções em Sistemas de Energia do CPQD. O projeto prevê o desenvolvimento de tecnologias de monitoramento e gerência a distância da infraestrutura de acesso à internet nas escolas, utilizando recursos de Inteligência Artificial (IA).

“A principal inovação do projeto está no desenvolvimento de um algoritmo para monitoramento dos parâmetros essenciais das baterias, de modo a garantir a sua disponibilidade contínua e o fornecimento ininterrupto de energia elétrica para a infraestrutura de conectividade”, acrescenta Ferreira. Além das características da bateria, com capacidade para manter o fornecimento por até três dias, mesmo sem sol, o algoritmo levará em conta também as condições climáticas da localidade. Se for necessário, o sistema irá gerar comandos ou alarmes para que o operador possa corrigir, restabelecer ou otimizar o uso da solução remotamente, evitando inclusive deslocamentos físicos de técnicos até o local para manutenção.

O novo projeto de inclusão digital conduzido pelo CPQD nasceu a partir de um piloto bem-sucedido implantado, no ano passado, em uma escola da comunidade indígena Yamado, em São Gabriel da Cachoeira, a 850 quilômetros de Manaus, no Amazonas. Para atender ao desafio proposto pelo Ministério das Comunicações de levar conectividade a essa escola distante, na fronteira com a Colômbia e a Venezuela, que não dispunha de energia elétrica, o CPQD instalou um Sigfi com três painéis fotovoltaicos e baterias chumbo-ácido responsáveis por alimentar de energia o modem satelital e, ainda, integrou esse sistema à solução de conectividade local, com roteadores e WiFi.

“Agora estamos investindo conhecimento e inovação no monitoramento remoto desse sistema, para garantir sua alta disponibilidade”, frisa Ferreira. O projeto prevê o desenvolvimento de dois algoritmos matemáticos, específicos para tipos distintos de bateria: chumbo-ácido e de lítio (que tem durabilidade e densidade de energia maiores). A prova de conceito será realizada no próprio CPQD e, até o final do ano, a solução estará pronta para ser transferida para a indústria brasileira responsável pelo fornecimento de sistemas individuais de geração de energia elétrica com fonte intermitente – que irá colocar o produto no mercado.

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