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Publicado em 28/12/2017 - 2:00 pm em | 0 comentários

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Campanha “Deixe o Uçá Namorá” combate pesca predatória da espécie

Pescadores e curiosos esperam o ritual de acasalamento dos caranguejos-uçá

Campanha “Deixe o Uçá Namorá” combate pesca predatória da espécie

O Instituto Maramar para Gestão Responsável dos Ambientes Costeiros e Marinhos lançou hoje uma campanha de educação ambiental para defender o namoro livre dos caranguejos-uçás. Com o apoio da APA Marinha Litoral Centro (Fundação Florestal), o projeto “Deixe o Caranguejo-Uçá Namorá” visa sensibilizar catadores de caranguejo e a população sobre a importância de respeitar a “andada”, período em que os animais se reproduzem. Trata-se de um momento fundamental para a renovação dos estoques pesqueiros e essencial para as populações de caranguejo-uçá.

Durante dias consecutivos nos meses de Verão, datas de grandes marés conhecidas pela abundância de caranguejos nas imediações dos manguezais, técnicos do Maramar estarão em campo divulgando a campanha. Serão distribuídos materiais de comunicação para comerciantes locais ou organizações que desejarem associar suas marcas à causa e atuar pela proteção à biodiversidade.

A ideia é promover uma comunicação leve e bem-humorada, conforme explica Fabrício Gandini, diretor do Instituto Maramar. “Catar caranguejo nessa época do ano é uma prática cultural, mas merece cuidado. Queremos brincar um pouco com a ideia do namoro, da relação afetiva do bicho, para criar uma aproximação com a causa”, afirma: “Precisamos disseminar valores que estejam associados à proteção ambiental. Os pescadores artesanais também serão beneficiados com a manutenção das populações de Uçá que poderão reproduzir novamente o ano que vem”.

Como área demonstrativa para iniciar os trabalhos, o Maramar elegeu os manguezais do Canal de Bertioga, que correspondem a pelo menos metade de toda a área do mesmo tipo na Baixada Santista. São territórios pesqueiros que apresentam uma produtividade biológica acima da média na região, o que atrai um número elevado de pescadores locais e de diferentes bairros vizinhos. Durante a andada do caranguejo-uçá, que ocorre nos meses de verão é muito comum a prática da pesca predatória, feita por pescadores e não pescadores.

Recentemente, o direito de pescadores artesanais exercerem a captura de caranguejo foi tema de debates entre governo e sociedade civil. Um decreto declarou uma lista de espécies ameaçadas de extinção, dentre as quais o caranguejo-uçá. Após discussões, das quais o Maramar tomou parte, o governo voltou atrás e estabeleceu condições de pesca para manter o equilíbrio entre atividade humana e preservação ambiental.

Para enfrentar a pesca predatória e promover conscientização a respeito do problema, os princípios norteadores da campanha “Deixe o Caranguejo-Uçá Namorá” são:

. Não praticar a pesca predatória. Respeitar o ciclo de vida das espécies;

. A pesca do caranguejo-uçá deve ser feita apenas por pescadores profissionais;

. Valorização do produto local. Catadores profissionais sempre têm bichos os à venda nas comunidades ou praias;

. Não comprar nem vender caranguejo pescado de maneira ilegal;

O Instituto Maramar desenvolve, desde 2003, campanhas e projetos na zona costeira e marinha brasileira. Juridicamente constituído como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, Oscip, constrói iniciativas que visam proteger a pesca, conservar águas doces, além de atuar na gestão participativa dos recursos comuns, envolvendo diretamente comunidades usuárias das águas, mares e mangues. O Instituto também pauta assuntos relevantes e faz recomendações a órgãos públicos para aprimorar o controle social a fim de proteger os ambientes costeiros e marinhos através da inovação na governança ambiental.

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