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Publicado na Edição 307 Agosto 2020

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O inexorável da vida

Armando Gomes: “Sou polêmico porque falo o que eu sinto”

O inexorável da vida

O cronista esportivo Armando Gomes gravou depoimento ao Programa Memória-História Oral em 14 de julho de 2011, no Museu de Imagem e do Som de Santos. Na entrevista, Gomes recorda seus tempos de infância passados na casa onde nasceu, no centro da cidade, no bairro da Encruzilhada, onde foi morar com os pais logo depois, e também nos fala de sua trajetória pessoal e profissional. Ao falecer recentemente, aos 76 anos, Armando Gomes deixa uma história de sucesso no rádio e na TV da Baixada Santista, especialmente na área de esportes.

Armando Gomes Vieira Filho nasceu em 17 de março de 1944 na Rua Amador Bueno, 352, em Santos, filho de Armando Gomes Vieira e Iracema Gonzalez Gomes. Sua mãe, aliás, já era do meio artístico no rádio. E o filho seguiu pelo mesmo caminho: a partir de 1962 Gomes trabalhou em todas as emissoras de rádio da cidade. Virou repórter e, posteriormente, narrador, transmitindo o jogo do milésimo gol de Pelé em 1969, na vitória sobre o Vasco, no Maracanã, por um convite do chefe Ernani Franco, locutor e fervoroso torcedor do Santos Futebol Clube.

Foi defendendo o Peixe em todas as suas tribunas que Armando Gomes marcou sua trajetória na imprensa. O apresentador ganhou, inclusive, o nome da sala de imprensa da Vila Belmiro e integrou o Conselho Deliberativo do clube. Certa vez, até deixou uma reunião do órgão sobre a negociação de Neymar porque não tinha sido aprovada a presença da imprensa no local e, por ser parte dela, foi solidário.

Mesmo quando trabalhou em São Paulo, primeiro na rádio e depois na TV Gazeta, entre 1978 e 1983, Armando Gomes nunca esqueceu de suas raízes, ainda que cobrisse outros clubes como repórter. Outro grande torcedor do Santos integrante da equipe da emissora era Peirão de Castro, que morreu em 1989 e foi responsável pela ida de Gomes para São Paulo.

A paixão por Santos e pelo Santos Futebol Clube foi o que o trouxe de volta para a região, na rádio Tribuna AM. O pioneirismo maior aconteceu em 1991: ele era o apresentador do Litoral nos Esportes, da TV Litoral, primeira emissora da Baixada Santista. O programa foi embrião do que seria um dos grandes sucessos de sua carreira – e que está no ar de segunda a sexta-feira e aos domingos até hoje pela Santa Cecília TV, desde 1997: o “Esporte por Esporte”.

As opiniões contundentes sempre foram uma marca de Armando Gomes, justamente contra quem atacava o Santos e a cidade. “Não sou polêmico de propósito. Sou polêmico porque falo o que eu sinto. As pessoas querem que eu fale aquilo que elas querem ouvir. Eu não faço assim. Falo que eu quero falar e não o que as pessoas querem ouvir. O Vicente Cascione (advogado) até fala para mim: ‘Armando, pensa pra falar’. Mas eu não consigo. Eu não penso para falar. Eu falo pra pensar. E às vezes não dá tempo de botar pra dentro o que você falou”.

Apesar do espírito polêmico no ar, Armando Gomes sempre foi uma figura querida pelos amigos, bem humorado e que desejava o bem de todos. A capacidade de revelar talentos também marcou toda sua trajetória. Veteranos da crônica esportiva como Vitor Moran, Pedro de Paulo Neto, Jaime Mathias e Pinheiro Neto dividiam o espaço com os então jovens talentos como Fabiano Farah, André Mendes, Ricardo Martins e Odinei Ribeiro – este último atualmente narrador do canal Sportv.

A entrevista completa de Armando Gomes pode ser acessada no canal oficial do Programa Memória-História Oral no Youtube, em www.youtube.com/c/programamemoriahistoriaoral

Conheça o trabalho desenvolvido pela Fundação Arquivo e Memória de Santos: acesse o site www.fundasantos.org.br

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