Proteção às obras de Oscar Niemeyer
O Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural brasileiro aprovou a proposta de tombamento de mais três obras do arquiteto Oscar Niemeyer (15/12/1907 – 05/12/ 2012): Museu de Arte Contemporânea (MAC) de Niterói, no Rio de Janeiro, Passarela do Samba da cidade do Rio de Janeiro e Conjunto de edificações projetadas do Parque do Ibirapuera, na capital paulista. Aprovados, os três bens foram integrados aos outros 24 monumentos já tombados desde 6 de dezembro de 2007.
A 82ª reunião do Conselho aconteceu no Palácio Gustavo Capanema, no Centro do Rio de Janeiro, e marcou a comemoração dos 80 anos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), quando foi apresentado um balanço e evolução da política de tombamento no Brasil.
O MAC de Niterói, projetado por Niemeyer e localizado na Avenida Almirante Benjamin Sodré, no Mirante da Boa Viagem, é considerado, desde a sua criação, um dos mais belos ícones culturais e cartões postais da cidade.
Inaugurado em setembro de 1996, o MAC tem arquitetura ousada. Sua forma se assemelha a de um disco voador e a fachada futurística oferece aos visitantes uma vista panorâmica inigualável. O Museu tem 2,5 mil metros quadrados de área e o edifício, propriamente, pode ser considerado uma obra de arte a ser contemplada. Sua estrutura de linhas circulares é quase uma escultura em praça aberta, na qual o espelho d’água, em sua base, e a iluminação especial conferem elegância e suavidade.
O moderno complexo arquitetônico apresenta concreto aparente em forma arredondada, marca registrada encontrada em quase todas as obras de Niemeyer. Cinco anos foi o tempo decorrido até a estrutura de quatro pavimentos ser erguida. Na obra, atuaram 300 operários e foram consumidos 3,2 milhões de metros cúbicos de concreto. O monumento tem 50 metros de diâmetro e sua estrutura consegue suportar cerca de 400 kg/m² e ventos de até 200 km/h.
O acervo do MAC possui obras de arte contemporânea datadas do século XX, inclusive um acervo de 1,2 mil obras da Coleção João Sattamini, a segunda maior de arte contemporânea do Brasil. O acervo do Museu é constituído, ainda, por exemplares de arte abstrata e até obras que retratam a Monarquia Brasileira, obtidas através de doações.
Inaugurado em 1984, o sambódromo do Rio de Janeiro (RJ) tomou o lugar das arquibancadas provisórias de estrutura tubular que eram montadas anualmente para os desfiles das escolas de samba. Desde o fim do século XIX, grêmios recreativos desfilavam pelas ruas da cidade do Rio de Janeiro e no início dos anos 30 já existiam as primeiras escolas de samba oficiais. Com o surgimento de novas agremiações, o desfile foi consagrado como a principal tradição do Carnaval carioca.
O sambódromo fica localizado na Avenida Marquês de Sapucaí, no Centro do Rio, embora uma pequena parte, após a Avenida Salvador de Sá, pertença ao bairro Cidade Nova. A Sapucaí é ocupada por um grande complexo de arquibancadas e camarotes, ao longo de seus 650 metros, acomodando, no Carnaval, um público de aproximadamente 60 mil foliões. O projeto assinado por Niemeyer buscava criar um ícone para abrigar o espetáculo do desfile das escolas de samba, e conseguiu. Sua arquitetura, enquanto monumento urbano, carrega as características de Niemeyer, com sua simplicidade formal e austeridade de acabamentos necessários à valorização da festa, um espetáculo dinâmico, repleto de cores e contrastes.
O Parque do Ibirapuera foi inaugurado em 21 de agosto de 1954 em comemoração aos 400 anos da cidade de São Paulo (SP). A ideia era converter a área alagadiça da região – que havia sido uma aldeia indígena na época da colonização – em um parque que criasse uma relação entre a natureza e o espaço urbano. Daí originou-se o nome Ibirapuera (ypi-ra-ouêra), que na língua Tupi significa árvore apodrecida.
Coube a Niemeyer realizar o projeto arquitetônico, tendo Burle Marx a responsabilidade pelo projeto paisagístico. Com uma área de mais de 1,5 milhão de metros quadrados, o parque se transformou nas últimas décadas no mais conhecido espaço livre cultural, de lazer e recreação da cidade.
A proposta de tombamento se dá especificamente aos monumentos do parque que foram projetados por Niemeyer. Por sua relevância urbanística e cultural poderão ser inscritos no Livro do Tombo Histórico e no Livro do Tombo das Belas Artes. São eles: a Grande Marquise, o Palácio das Nações (Pavilhão Manoel da Nóbrega, atualmente ocupado pelo Museu Afro Brasil), o Palácio dos Estados (Pavilhão Francisco Matarazzo Sobrinho, atualmente desocupado), o Palácio das Indústrias (Pavilhão Armando de Arruda Pereira, atualmente ocupado pela Fundação Bienal), o Palácio de Exposições ou das Artes (Pavilhão Lucas Nogueira Garcez, também conhecido como Oca, atualmente ocupado para grandes exposições), e o Palácio da Agricultura (atualmente ocupado pelo Museu de Arte Contemporânea da USP).