Edição 351Abril 2024
Quarta, 08 De Maio De 2024
Editorias

Publicado na Edição 307 Agosto 2020

Divulgação

Nossa cidade

Beschizza: proposta criação do Condesan para planejar Santos até 2040

Nossa cidade

Ricardo Beschizza

Há uns dias entrei no marco regulatório dos idosos. Uma amiga da família perguntou como eu me sentia e o que gostaria de ganhar de presente. Respondi que me sentia com dores e queria um ombro novo, pois o joelho e lombares recauchutados já havia ganhado.

Nestas datas que marcam décadas é inevitável uma reflexão do que ficou para trás. Lembrei-me aos sete anos, em 1967, pegando o bonde ou trólebus para ir ao Colégio Santista. Quando mudamos para o edifício Laguna, em frente ao mar, o amor pela praia foi imediato: pescaria de siri na boca do canal, passar picaré com a turma do prédio, jogar futebol quase todos os dias, andar de sonrisal até a Urubuqueçaba (não havia ainda o quebra mar) e o surf, minha paixão, entrou na minha vida.

Realmente um privilégio proporcionado pelos meus pais que aproveitei muito. Em 1976, fui terminar o ensino médio no Colégio São Luís para depois ingressar na Engenharia Civil do Mackenzie. Boa parte da minha geração, em função das contingências da época, foi buscar formação universitária e oportunidade de trabalho em outras cidades. Lembro do dia que fui para São Paulo, ao sair, à porta do elevador, dizer aos meus pais que voltaria para Santos. E assim foi: retornei nos anos 80 onde as oportunidades de trabalho eram escassas em todo o país.

Emblemático à época, um bar na Avenida Paulista, de nome “O engenheiro que virou suco”, dava bem a dimensão da situação que vivíamos. Vieram planos e pacotes milagrosos nos anos subsequentes até a chegada do Real.

Neste período todo de Constituição Nova (1988) e democracia plena (1990), diversos políticos passaram pelo poder, com as mesmas promessas: Saúde, Segurança, Empregos, Educação etc. Desde meu primeiro voto, o país teve alguns momentos positivos. Contudo, as cidades, os estados e a União sempre com dificuldades financeiras, apesar da imensa tributação, não conseguem fazer investimentos, pois o gasto do dinheiro público é altíssimo e sem critérios, além da corrupção explícita.

Não se vê por parte desses entes um processo para redução de gastos e planejamento dos recursos gerados pela tributação, com benefícios à sociedade.

Agora, temos de fazer um mea culpa: elegemos e reelegemos alguns políticos e nunca cobramos nada de forma organizada e produtiva.

Em 2013, representantes do setor da indústria da Construção juntamente com o grupo A Tribuna estiveram em Maringá para conhecer o Condema – Conselho de Desenvolvimento de Maringá, formado pela sociedade civil organizada, onde são projetados e planejados os rumos da cidade para os anos vindouros. A Associação Comercial de Santos junto com a Assecob – Associação dos Empresários da Construção Civil da Baixada Santista estão propondo a formação do Condesan – Conselho de Desenvolvimento Econômico de Santos, com o envolvimento da sociedade civil para planejar Santos até 2040.

Precisamos aprender como cobrar as pessoas que elegemos e o envolvimento da sociedade civil é fundamental para que no futuro nossos cidadãos possam desfrutar os resultados deste planejamento. Guarujá também está nesse processo de formação de seu conselho. Em tempo: minha turma do Colégio Santista se reúne todo ano e aqueles que saíram da cidade, voltam e matam saudades da nossa querida Santos.

Ricardo Beschizza é engenheiro civil e presidente da Associação dos Empresários da Construção Civil da Baixada Santista (Assecob).

Responder