Deixar o trabalho para cuidar dos filhos

Cerca de 37% de pais já consideraram deixar o trabalho para cuidar dos seus filhos, contra 63% de mães; mais de 32% dos pais e 60% das mães dizem sofrer ou ter sofrido preconceitos ou retaliações no trabalho ou em processos seletivos, pelo fato de terem filhos. Esses são alguns resultados do estudo “Bem-Estar Parental nas Empresas”, desenvolvido pela Filhos no Currículo e Infojobs. O levantamento entrevistou 1.993 pessoas, entre lideranças, profissionais de recursos humanos, mães e pais, entre maio e junho passado, e mapeou os desafios da parentalidade enfrentados por pais e mães no mercado de trabalho, e como as empresas estão se preparando para oferecer um ambiente mais acolhedor.

Para Michelle Terni, CEO e cofundadora da Filhos no Currículo, especializada em programas de parentalidade corporativos, os dados apontam para uma crescente vontade dos pais de serem mais presentes nos cuidados com os filhos, mesmo que isso impacte em suas carreiras. Identificar essa necessidade sob a ótica paterna veio de percepções da Filhos no Currículo captadas durante seus programas de Paternidade Responsável nas empresas. Nesse contexto, os reflexos da pandemia estão entre os indicadores para algumas transformações no mercado de trabalho.

De acordo com Ana Paula Prado, CEO do Infojobs, que desenvolve soluções para RH, a mudança de comportamento dos pais é mais uma delas: “Esses profissionais voltaram para a rotina de trabalho diferentes, muito por entenderem mais de perto as necessidades diárias de uma criança e a importância de fortalecer laços. Por isso, muitos solicitam mais dias em home office ou até expõem as necessidades ao RH e lideranças, para permitir viver fases importantes ao lado dos filhos, como sair mais cedo para buscar na escola ou ir ao médico”.

A pesquisa destaca um cenário delicado: cerca de 85% de mães e pais entrevistados passaram ou estão passando por alguma situação desafiadora na parentalidade.