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Publicado em 12/06/2020 - 7:22 am em | 0 comentários

Divulgação

São Paulo vai testar e produzir vacina contra o novo coronavírus

Parceria entre o Instituto Butantan e a farmacêutica chinesa Sinovac

São Paulo vai testar e produzir vacina contra o novo coronavírus

O governador João Doria anunciou ontem parceria inédita entre o Instituto Butantan e a farmacêutica chinesa Sinovac para produção e testes em estágio avançado de uma vacina contra o novo coronavírus. O acordo prevê testagem em 9 mil voluntários no Brasil e fornecimento de doses até junho de 2021 se a imunização se provar eficaz e segura.

“Hoje é um dia histórico para São Paulo e o Brasil, assim como para a ciência mundial. O Instituto Butantan fechou acordo de tecnologia com a gigante farmacêutica Sinovac Biotech para a produção da vacina contra o coronavírus”, declarou o governador: “A vacina do Butantan é das mais avançadas. Estudos indicam que ela estará disponível no primeiro semestre de 2021. Com ela, poderemos imunizar milhões de brasileiros”.

A vacina é chamada de CoronaVac pela farmacêutica chinesa e já foi administrada com sucesso em cerca de mil pessoas na China nas fases clínicas um e dois – antes, já havia sido aprovada em testes de laboratório e em macacos. Com o controle da pandemia na Ásia, a empresa sediada em Pequim buscava cooperação com outros países para dar sequência à etapa final de testes.

“Poucos meses após a confirmação do primeiro caso de Covid-19 no país, São Paulo vai liderar um ensaio clínico fase três e se prepara para iniciar a produção nacional de uma vacina promissora, que poderá ser disponibilizada em tempo recorde na rede pública de saúde”, afirmou o diretor do Instituto Butantan, Dimas Tadeu Covas.

Com a formalização do acordo, o Butantan submeterá a proposta de ensaio clínico à aprovação dos comitês de ética e pesquisa. Após o aval, a testagem poderá ser iniciada em julho.

O ensaio clínico vai verificar eficácia, segurança e o potencial do medicamento para produção de respostas imunes ao coronavírus nos 9 mil voluntários. O Butantan vai preparar centros de pesquisa para condução dos estudos em todo o Brasil.

Se a vacina for aprovada, a Sinovac e o Butantan vão firmar acordo de transferência de tecnologia para produção em escala industrial tanto na China como no Brasil para fornecimento gratuito ao SUS (Sistema Único de Saúde). Os passos seguintes são o registro do produto pela Anvisa e fornecimento da vacina em todo o Brasil.

“Estamos orgulhosos de participar da luta contra a Covid-19 e esperamos trabalhar com o Instituto Butantan para ajudar o povo do Brasil. Com a parceria, a Sinovac poderá aumentar a velocidade sem precedentes de desenvolvimento do CoronaVac sem comprometer nossos altos padrões e procedimentos de segurança”, disse em nota o presidente e CEO da Sinovac, Weidong Yin.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), há cerca de 136 candidatas a vacinas contra o novo coronavírus em estudos em todo o mundo, mas somente 10 estão na fase de ensaio clínico, que permite testagem em humanos. A vacina da Sinovac é baseada na manipulação em laboratório de células humanas infectadas com o coronavírus.

A vacina, então, é produzida com fragmentos “desativados” do coronavírus para inoculação em humanos. Com a aplicação da dose, o sistema imunológico passaria a produzir anticorpos contra o agente causador da Covid-19.

É o mesmo princípio usado em outras vacinas globalmente bem-sucedidas, como as do sarampo e poliomielite. O Butantan é o principal produtor de soros e vacinas do Brasil e possui expertise reconhecida em todo o mundo em tecnologias de imunização.

O governador lembrou que a possibilidade de parcerias específicas entre o estado e grandes empresas chinesas, como a Sinovac, teve início em agosto de 2019. Foi quando o governo de São Paulo inaugurou um escritório comercial em Xangai. Com o escritório na China, São Paulo fortaleceu e ampliou as relações econômicas com o país asiático, que é o maior parceiro comercial do Brasil em todo o mundo.

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