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Publicado em 28/04/2018 - 8:12 am em | 0 comentários

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Ranking revela as cidades mais expostas à violência no estado de São Paulo

Ranking revela as cidades mais expostas à violência no estado de São Paulo

Lorena, a 190 km da capital paulista, teve a maior taxa de homicídios em 2017 entre todos os municípios com mais de 50 mil habitantes do estado de São Paulo. Ao lado de outros indicadores criminais, a incidência de homicídios fez com que a cidade apresentasse o maior Índice de Exposição a Crimes Violentos (IECV), segundo pesquisa inédita que faz parte do Boletim Sou da Paz Analisa 2017, desenvolvida do Instituto Sou da Paz. Já São José do Rio Pardo, a 260 km da capital, que não teve nenhuma ocorrência de homicídio, latrocínio ou roubo de carga em 2017, foi o município melhor colocado no ranking.

No que diz respeito aos estupros, a taxa observada em Lorena foi 71% maior que em São José do Rio Pardo, e, em relação aos roubos – excluídos os roubos de veículos –, a taxa de Lorena foi 433% maior.

O IECV foi calculado a partir da média ponderada de três subíndices: crimes letais (homicídio e latrocínio), crimes contra a dignidade sexual (estupro) e crimes contra o patrimônio (roubo – outros, roubo de veículo e roubo de carga). O índice foi criado pelo Instituto Sou da Paz para facilitar uma avaliação que agregue várias dimensões da violência e da segurança pública no estado de São Paulo, agregando diferentes tendências criminais e permitindo uma comparação das estatísticas entre cidades e distritos policiais ao longo do tempo. Entre os 138 municípios do estado e 85 DPs da capital com ao menos 50 mil habitantes houve grande disparidade no nível de exposição à violência.

“A criação do índice foi motivada pela compreensão de que a avaliação sobre a exposição à violência dos habitantes de determinado município ou distrito exige um olhar que considere a incidência de todos os crimes violentos. Buscou-se também a criação de uma ferramenta que permitisse comparar municípios e distritos no que diz respeito à vulnerabilidade aos crimes violentos, tanto entre eles como ao longo dos anos”, comenta Ivan Marques, diretor executivo do Instituto Sou da Paz.

O levantamento revela que houve uma diminuição geral dos crimes violentos no estado num intervalo de quatro anos (2014-2017): o IECV médio dos municípios caiu 7,5% no período. A queda foi ainda maior para o subíndice de crimes letais: -17,6% no estado e -36,3% na capital.

Por outro lado, houve aumento do IECV dignidade sexual (+7,1%) no estado, único tipo de crime violento que não apresentou tendência de queda no período recente e cuja piora foi disseminada pela capital, Grande São Paulo e interior.

Chamam também a atenção os municípios e DPs que se destacam pela variação positiva do IECV entre 2014 e 2017. Impressiona, por exemplo, o desempenho de Ibitinga, a 360 km da capital, onde a redução verificada foi na ordem de 54%. Entre as 10 cidades cujo IECV mais diminuiu no período, quatro estão na Grande São Paulo: Mogi das Cruzes, Ribeirão Pires, Embu-Guaçu e Mairiporã, com quedas entre 42% e 45%.

Por outro lado, entre os 10 municípios cujos IECV mais pioraram, três pertencem ao Deinter 1 – São José dos Campos (Campos do Jordão – município cujo IECV mais cresceu no período, +147%, Cruzeiro e Lorena). Preocupa também o resultado encontrado no município de Botucatu, cujo IECV cresceu 83% no período.

“O fato de que três dos 10 municípios cuja exposição à violência mais cresceu se encontrem na região de São José dos Campos deve servir de alerta. Em 2016, já havíamos apontado o crescimento expressivo dos indicadores criminais desse Deinter. Os resultados encontrados chamam a atenção e justificam a necessidade de investimentos direcionados a esta região”, acrescenta Marques.

Importante destacar que o cálculo do IECV para o ano de 2017 mostra um cenário em geral positivo, pois mesmo o município com o maior IECV obteve 54,4 no índice, o que significa que ele está a meio caminho das piores taxas de cada um dos crimes violentos desde 2014 – resultado da queda generalizada dos principais indicadores criminais dos maiores municípios do estado.

Já na capital, entre os DPs considerados, o 06º DP – Cambuci, no centro da cidade, obteve a melhor colocação no IECV, com três ocorrências de homicídio, uma ocorrência de latrocínio e onze ocorrências de estupro em 2017. Já o 12º DP – Pari, no centro, apresentou o pior índice, resultado de 11 homicídios, dois latrocínios e 27 ocorrências de estupro. A diferença entre as ocorrências de roubo (outros) também é grande, com 955 registros no 06º DP, contra 1.917 registros no 12º DP.

Entre os 16 distritos cujos índices cresceram entre 2014 e 2017, o pior caso é o do 99º DP – Campo Grande, com 94,6% de aumento. Nos demais, os aumentos foram bem menores. Chama atenção também o fato de que distritos vizinhos como o 28º DP – Freguesia do Ó e o 45º DP – Vila Brasilândia tenham resultados tão díspares: enquanto o primeiro teve a maior queda do IECV entre os DPs analisados, o último apresentou incremento de 29,5% em seu índice. A mesma análise se aplica aos casos do 95º DP – Heliópolis (melhora do IECV) e 26º DP Sacomã (piora).

“Esses resultados podem sugerir a existência de um efeito de deslocamento do crime ao longo dos anos entre as áreas e demandam ações para conter este avanço. É preciso investigar as dinâmicas criminais dessas áreas, de modo a entender como distritos vizinhos apresentam evoluções tão diferentes”, disse Ivan: “Estamos seguros de que índices como este permitirão uma cobrança mais qualificada dos cidadãos sobre as políticas de segurança que são oferecidas na sua cidade ou região”.

Desde 2012, o Instituto Sou da Paz analisa as estatísticas divulgadas pela Secretaria da Segurança Pública de São Paulo com o objetivo de contribuir para a melhor compreensão da dinâmica criminal e atividades policiais em cada região do estado. Os boletins apresentam um panorama da segurança pública, identificam tendências e desafios e, assim, permitem uma melhor compreensão dos dados. Todas as edições do boletim podem ser acessadas em http://migre.me/uUScX

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