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Publicado em 9/09/2016 - 9:47 am em | 0 comentários

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Estudo do Seade aborda mortes por suicídios

Suicídios afetam mais os homens com idade entre 20 e 39 anos

Estudo do Seade aborda mortes por suicídios

Em virtude do Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, amanhã, o boletim SP Demográfico nº 3/16, da Fundação Seade, aborda a mortalidade por suicídio, com base nos dados das certidões de óbitos dos Cartórios de Registro Civil de todos os municípios paulistas.

Segundo o estudo, verifica-se tendência crescente da taxa de mortalidade por suicídio no Estado de São Paulo, que passou de 4,3 óbitos por 100 mil habitantes, no biênio 2001-2002, para 4,6 em 2007-2008, até atingir 5,6 em 2013-2014.

Para os pesquisadores, a elevação nos índices seria devido ao aumento real das mortes por suicídio e melhoria na classificação das causas externas de morte. Em 2013-2014 foi firmado convênio entre a Fundação Seade e a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, que viabilizou o acesso às informações dos boletins de ocorrência constantes no Infocrim, permitindo identificar causas de morte antes classificadas como “indeterminadas”.

Em São Paulo, assim como no Brasil, as taxas de mortalidade por suicídio apresentam níveis baixos quando comparadas a outros países. Enquanto Lituânia, Bielorrússia, Rússia, Cazaquistão, Hungria, Japão e Coreia do Sul detêm índices que variam entre 20 e 40 óbitos por 100 mil habitantes, o Brasil e o Estado de São Paulo registraram, respectivamente, 5,8 e 5,6 mortes por 100 mil, em 2014. Os estados com maiores taxas de mortalidade são Rio Grande do Sul e Santa Catarina, com índices superiores a 10 óbitos por 100 mil habitantes.

Em 2013-2014, 80% das vítimas de suicídios ocorridos no Estado de São Paulo eram homens, sendo que 72,3% estavam na faixa etária entre 15 e 64 anos. As mulheres respondem por porcentuais bem inferiores, apenas 20%, concentrados principalmente entre 25 e 54 anos.

Conforme a literatura especializada, a menor incidência de mortes entre as mulheres vem sendo atribuída, principalmente, à menor dependência de álcool, maior religiosidade, percepção mais precoce de sinais de risco para depressão e doença mental, além de buscarem ajuda com maior frequência em momentos de crise e de participarem mais ativamente de redes de apoio social. Em contrapartida, os homens apresentam comportamentos que predispõem mais ao suicídio, tais como competitividade, impulsividade, maior acesso a armas, maior sensibilidade às instabilidades econômicas, como desemprego e empobrecimento etc.

Quanto aos métodos utilizados para se cometer o suicídio, a morte por sufocação/enforcamento aparece em primeiro lugar, para ambos os sexos, correspondendo a 66,3% dos suicídios entre os homens e a 43,1% entre as mulheres. O uso de armas de fogo, com 10,3% dos casos, aparece como o segundo meio mais utilizado pelos homens, seguido por envenenamento (5,1%) e quedas (5,0%). Entre as mulheres, destacam-se envenenamentos (11,8%), quedas (11,3%), intoxicações por drogas lícitas e ilícitas (10,9%) e queimaduras (7,1%).

No biênio 2013-2014, apesar de a Região Metropolitana de São Paulo registrar o maior número de óbitos por suicídio (38% do total estadual), como era de se esperar dado seu volume populacional, sua taxa de mortalidade era de 4,5 óbitos por 100 mil habitantes, inferior à média do Estado (5,6 óbitos por 100 mil) e uma das menores quando comparada com as demais regiões administrativas paulistas.

De acordo com os dados, houve aumento no número de mortes por suicídio nos meses mais quentes do ano. No início da primavera, setembro teve a maior concentração de suicídios e, a despeito de pequena redução, permaneceu elevada nos meses seguintes. Já nos mais frios, o número de mortes foi menor. Embora as estações do ano no Estado de São Paulo não sejam tão bem definidas como em países de clima temperado, esse comportamento mostrou-se bastante similar com estudos europeus e americanos, que identificaram aumento da mortalidade nos períodos mais quentes do ano, principalmente no início da primavera.

Apesar de não haver consenso dos motivos que levam a esse padrão, algumas hipóteses são levantadas, como, por exemplo, o fato de a vida social tornar-se mais intensa nos meses mais quentes, o que pode gerar estresses em pessoas com quadro de depressão, aumentando o risco de morte por suicídio. Outro estudo aponta que a primavera, feriados e finais de semana promovem uma aspiração ou expectativa de coisas boas, porém, nem sempre elas são alcançadas, o que torna as pessoas com ideias suicidas mais vulneráveis.

Em relação aos dias da semana, domingos e segundas-feiras registraram a maior concentração de mortes por suicídio, 16% cada, enquanto nos demais dias os porcentuais ficaram entre 13% e 14%. Segundo as horas do dia, há ocorrências mais elevadas no intervalo de 9 às 12 horas da manhã, variando entre 3,5% e 4%. Nos demais horários as proporções oscilam entre 2,5% e 3%, reduzindo-se durante a madrugada.

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