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Publicado em 1/08/2020 - 7:15 am em | 0 comentários

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Curaçao receberá a maior estação de pesquisa subaquática do mundo

Visão externa do projeto Proteus 1

Curaçao receberá a maior estação de pesquisa subaquática do mundo

O aquanauta, explorador de oceanos e ambientalista, Fabien Cousteau, anunciou sua visão para o projeto Proteus, a estação de pesquisa científica subaquática mais avançada do mundo, que será instalada na ilha de Curaçao, no mar do Caribe. Desenvolvido para atender às preocupações mais críticas da humanidade, como as descobertas medicinais, a sustentabilidade dos alimentos e os impactos das mudanças climáticas, o projeto do Fabien Cousteau Ocean Learning Center (Fcolc) foi concebido como uma versão da Estação Espacial Internacional. Será uma plataforma para colaboração global entre pesquisadores, acadêmicos, agências governamentais e grandes corporações ao redor do mundo para o avanço da ciência.

“Como nosso sistema de suporte à vida, o oceano é indispensável para solucionar os maiores problemas do planeta. Os desafios criados pelas mudanças climáticas, a aumento do nível do mar, as tempestades extremas representam um risco de vários trilhões de dólares para a economia global”, afirmou Cousteau.

Apesar de o oceano representar mais de 99% da vida na Terra, apenas 5% já foi explorado para pesquisas. “Proteus, considerado o primeiro de uma rede de habitats subaquáticos, será essencial para conduzir soluções significativas que protejam nosso futuro. O conhecimento que será descoberto debaixo d’água mudará para sempre a maneira como gerações de seres humanos vivem lá na superfície”, acrescentou Cousteau.

Proteus estará localizado na ilha de Curaçao a uma profundidade de 18 metros (60 pés) em uma região rica em biodiversidade e protegida do mar do Caribe. “Estamos muito satisfeitos por estar em casa para receber Proteus. Nosso incrível mar do Caribe possui imensas riquezas ainda a serem totalmente descobertas. O potencial econômico de ter a primeira estação espacial subaquática localizada nas águas de Curaçao é enorme, seja da criação de novos empregos ao desenvolvimento do turismo”, manifestou Steven Martina, ministro do Desenvolvimento Econômico de Curaçao.

Proteus será quatro vezes maior do que qualquer estação subaquática existente e contará com modernos laboratórios, dormitórios e um tanque acoplado. Incluirá a primeira estufa submarina, permitindo o crescimento de alguns vegetais e marcará uma abordagem única para enfrentar alguns desafios que acompanham a vida subaquática, como não poder cozinhar com fogo. A plataforma será alimentada de forma sustentável por fontes híbridas, incluindo as energias eólica, solar e oceânica. Terá uma instalação de produção de vídeo em grande escala para fornecer streaming ao vivo para programas educativos e a entrega de realidade aumentada e virtual para colaboradores ao redor do mundo.

Como a maior e mais avançada estação subaquática tecnologicamente já construída, o Proteus concederá aos cientistas e aquanautas tempo o suficiente para realizar mergulhos contínuos noturnos e diurnos para a coleta de dados. A plataforma possibilitará a descoberta de novas espécies de vida marinha, além de criar uma melhor compreensão de como as mudanças climáticas afetam o oceano, permitindo o teste de tecnologias avançadas para energia, aquicultura e exploração robótica. Proteus também permitirá que mergulhadores de saturação passem o dia inteiro realizando pesquisas no fundo do mar. A saturação permite ao homem viver, trabalhar e explorar grandes profundidades.

Os laboratórios de última geração facilitarão o processamento de amostras orgânicas que podem ser estudadas em tempo real, em vez de se degradarem rapidamente ou morrerem durante a árdua jornada até os laboratórios terrestres de superfície. A experimentação no local resultará em uma tubulação aprimorada para apoiar o desenvolvimento de novos tratamentos para câncer, antibióticos, vacinas e muito mais.

O design de Proteus foi co-concebido pelo designer industrial Yves Béhar e sua empresa Fuseproject. “O objetivo do projeto de Proteus é oferecer um serviço eficaz, confortável e com uma instalação atraente para pesquisadores, além de uma estrutura subaquática emocionante que acumule a mesma paixão pela exploração oceânica como a exploração espacial. A arquitetura espiral em Proteus abriga espaços sociais e de trabalho, bem como um estúdio de comunicação e um tanque submersível. Proteus é prático e um ícone que mudará a maneira como experimentamos a pesquisa oceânica”, salientou Béhar.

Proteus parte do sucesso monumental da Missão 31 (de 2014), quando Fabien Cousteau liderou cinco aquanautas na estação Aquarius, localizada a 15 quilômetros da costa de Florida Keys e a 100 metros de profundidade. Ele bateu o recorde que pertencia ao avô Jacques Cousteau (30 dias) e ficou 31 dias vivendo lá embaixo. Assim, realizou três anos de pesquisa em apenas um mês, resultando em 12 estudos científicos e 9.800 artigos acadêmicos publicados.

Os parceiros estratégicos do projeto Proteus são a Northeastern University, Rutgers University e a Caribbean Research and Management of Biodiversity (Carmabi). Além da Escola de Oceanografia da Rhode Island University.

Mark Patterson, decano para Assuntos de Pesquisa na Faculdade de Ciências na Northeastern University e membro do Conselho Consultivo da Fcolc, declarou: “Proteus transformará como conduzimos a ciência e a engenharia subaquáticas. O ciclo de inovação será encurtado por ter um verdadeiro laboratório embaixo d’água, em vez de um espaço simples como antes em outros ambientes submarinos. Missões de longa duração permitirão novas formas de trabalho, como equipes de especialistas internacionais de maneira virtual e a participação de outros cientistas”. Patterson é conselheiro no programa científico para o uso dos laboratórios úmidos e secos de última geração da Proteus, destinados ao arrendamento para empresas, governos e entidades acadêmicas. Como um experiente aquanauta (com 89 dias de saturação e tendo mergulhado em 10 missões), Patterson espera usar Proteus para testar sensores avançados e robôs subaquáticos desenvolvidos em seu laboratório no Coastal Sustainability Institute.

Oscar Schofield, presidente do Departamento de Marinha e Ciência Costeira da Universidade Rutgers concluiu que “os oceanos contêm uma diversidade genética sem precedentes e isso oferece uma mina de ouro em potencial de inovação celular, que poderia informar nossos esforços para desenvolver novos medicamentos e compostos para o futuro”.

Jean-Michel Cousteau, pai de Fabien, explorador oceanográfico, ambientalista, educador e produtor de filmes, também apoia a evolução da exploração e pesquisa subaquática que Proteus fornecerá. “Proteus é um passo crítico para entender que os humanos têm a capacidade de projetar nosso próprio futuro, de tirar uma lição do passado, de coisas vivas ao nosso redor e alinhar nossos valores e ações com a necessidade ecológica. Nós devemos primeiro perceber que questões ecológicas, sociais e econômicas estão profundamente entrelaçadas. Não pode haver solução para um sem existir solução para os outros”.

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