Edição 351Abril 2024
Sexta, 26 De Abril De 2024
Editorias

Publicado na Edição 308 Setembro 2020

Perdão pelas cinzas

Luiz Carlos Ferraz

Repugnante sob todos os aspectos o terrível espetáculo patrocinado pelo Brasil, ao ocupar em setembro o protagonismo na mídia internacional com a série de desmatamentos e queimadas sem controle, que destruíram área estimada em 4,5 milhões de hectares, envolvendo vários estados e impactando três importantes biomas, Pantanal, Cerrado e Amazônia, causando destruição da rica biodiversidade vegetal e animal. Se algo da tragédia se deve ao fenômeno do aquecimento global, que atesta o desprezo ao planeta encetado pelo ser humano, seja deste ou daquele hemisfério, não há dúvida que muito é fruto da irresponsável política de meio ambiente levada à cabo pelo governo Jair Bolsonaro. Há muito, profissionais e entidades atuantes neste segmento exigem a demissão sumária do ministro Ricardo Salles, flagrado mais de uma vez ao lado de interesses contrários à preservação ambiental, querendo “passar uma boiada”. Parece pouco, sim, mas representaria um passo decisivo no processo de recuperação da dignidade nacional. Hoje, o cidadão brasileiro está envergonhado e, ao externar este sentimento, pode desatinar, chegando mesmo a sugerir que os países promovam boicote comercial e não importem produtos made in brazil. Não é por aí. O país tem o dever, isto sim, de reconhecer sua incapacidade para enfrentar os criminosos que se escondem atrás de uma remendada cortina de fumaça. É hora de pedir perdão a atual e futuras gerações pelas cinzas que espalha pela Terra.

PS.: Em vez de se redimir, Bolsonaro, ao discursar na abertura virtual da 75ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), acusou “índios” e “caboclos” como responsáveis pelas queimadas…

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