Edição 351Abril 2024
Quarta, 08 De Maio De 2024
Editorias

Publicado na Edição 344 Setembro 2023

Ora, a história!

Luiz Carlos Ferraz

Movimento em constante evolução, o que se escreve sobre a história da nação brasileira exige de tempos em tempos uma revisão, para que se garanta uma educação honesta a nossas crianças, afastando do senso comum versões fantasiosas que se repetem ao longo dos anos – desde meados do século XIX, exatamente, quando Francisco Adolfo de Varnhagen tornou-se o primeiro a escrever uma história nacional brasileira. Poderia até ter sido uma obra de valor, não fosse Varnhagen, além de militar e diplomata, “grande defensor da colonização portuguesa no Brasil” e que a aclamava como “um enorme feito que criava a possibilidade de sucesso para a recém criada nação brasileira”. Ora! Após 200 anos de independência, e ainda sentindo os efeitos de um período de trevas que se abateu sobre a cultura nacional, este pode ser um excelente momento de a historiografia brasileira assumir a sua responsabilidade e, antes de tudo e de uma forma sistematizada, separar o joio do trigo, higienizando os livros didáticos, rejeitando narrativas poéticas ou feitas sob encomenda para atender interesses de poderosos, que vicejam em vários episódios da História do Brasil, muitos dos quais ainda sem a devida contestação – a exemplo das incursões realizadas na Bacia do Prata, nos séculos XVII e XVIII, denominadas Missões, e que envolveram também territórios do Paraguai, Argentina e Uruguai… É necessário incentivar que este movimento seja abastecido de estudos sérios sobre a evolução social dos habitantes desta terra, desde antes, durante e depois da chegada dos colonizadores. Estudos que deverão estar baseados no resgate da cultura primitiva e também em documentos da época, para sepultar de vez as mentiras que continuam sendo repetidas para mascarar a crueldade contra os povos pré-1500.

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