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Publicado na Edição 269 Junho 2017

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Ameaça à saúde bucal

Narguilé: nicotina e as 4.700 substâncias tóxicas do cigarro convencional

Ameaça à saúde bucal

Tradicionalmente usado em países do Oriente Médio, Norte da África e Sul da Ásia, o narguilé se popularizou na Europa e nas Américas, principalmente entre os jovens – que, em sua maioria, acredita que o cachimbo d’água, como também é conhecido, é menos prejudicial do que o cigarro. Isto é falso, pois não há uso seguro quando o assunto é tabaco. Para a Organização Mundial da Saúde (OMS) o uso do narguilé é um problema de saúde pública, pela alta exposição ao monóxido de carbono (CO), que atinge também os fumantes de segunda mão em sessões duradouras.

Estudos conduzidos na Arábia Saudita já revelaram grande impacto no sistema cardiorrespiratório dos usuários, mas também um aumento das doenças periodontais, que se caracterizam por um conjunto de condições inflamatórias que afetam a gengiva e podem levar, com o tempo, à perda dos tecidos de suporte dos dentes.

De acordo com Fábio Coracin, vice-diretor do Departamento de Patologia Oral e Maxilofacial da Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas (APCD), uma gengiva saudável costuma apresentar-se firme, cor de rosa, não sangra facilmente e cobre toda a raiz dos dentes – que estão bem presos no osso de suporte pelas fibras de ligamento. “Como qualquer outro produto derivado do tabaco, o narguilé contém nicotina e as mesmas 4.700 substâncias tóxicas do cigarro convencional”, frisa Coracin: “Sendo assim, os usuários têm risco aumentado para lesões na boca e na gengiva. Seu uso prolongado também predispõe o paciente ao câncer de boca e à perda dos dentes – limitando muito a qualidade de vida dos pacientes durante o tratamento. Por isso, o uso do narguilé deve ser totalmente desestimulado entre jovens e adultos”.

No Brasil, pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2008 já apontava mais de 300 mil usuários de narguilé, número que aumentou nos últimos anos. De acordo com o cirurgião-dentista, surgem 10.000 novos casos de câncer de boca no Brasil todos os anos.

“Além do fumo – seja ele um cigarro, um cachimbo ou um narguilé – outros fatores de risco são importantes para predispor ao câncer oral: histórico familiar, idade superior a 50 anos e consumo excessivo de álcool”, destaca o especialista: “Por isso, quem se enquadra nesse perfil deve dobrar os cuidados com a saúde bucal, estando atento ao aparecimento de feridas que não cicatrizam dentro de uma semana, manchas brancas, vermelhas ou pretas, além de dificuldade de deglutição e sangramento”.

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