Edição 350Março 2024
Quinta, 18 De Abril De 2024
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Publicado na Edição 306 Julho 2020

Murray

Transparência desde o início

Alberto: “Queremos inovar e resgatar a credibilidade do nosso Movimento Olímpico”

Transparência desde o início

Alberto Murray Neto

Em dezembro do ano passado discordei publicamente de duas questões no Comitê Olímpico do Brasil (COB): (a) a forma como a diretoria tentou emplacar uma reforma estatutária que regredia em quesitos de governança; e (b) a investigação da Kroll sobre licitação para contratação de serviços de informática, cujo imbróglio foi propositadamente escondido do Conselho de Administração, Conselho de Ética, Comissão de Atletas e Assembleia Geral. Não fosse o jornalismo investigativo, a sociedade nunca teria tomado ciência do fato.

Esses dois pontos, que considerei gravíssimos, aborreceram-me muito. Em 9 de janeiro de 2020 pedi demissão do cargo de presidente do Conselho de Ética do COB, cargo para o qual havia sido eleito com grande votação, que muito me honrou. Em minha carta de demissão, deixei claras as razões e, inclusive, citei expressamente que minha saída se dava, inclusive, para fins e efeitos do que preconizava (e cuja regra está em vigor) o artigo 23, parágrafo terceiro, do estatuto social. Ou seja, desincompatibilizei-me do meu cargo muito antes do prazo estipulado na Constituição do COB. Estava, portanto, a partir daquele momento, legalmente apto a seguir o meu caminho.

Em fevereiro, apresentamos ao Colégio Eleitoral e à sociedade a AGENDA POSITIVA PARA O COB. Foi a primeira vez na história da entidade que um grupo de pessoas elaborou um documento e colocou-o para ser debatido pelo público, democraticamente.

Nosso grupo de trabalho, dessa forma, sempre agiu com transparência e em absoluto respeito à legalidade. Ao discordar dos dois pontos que mencionei no início deste artigo, deixei claro que meus princípios éticos e morais são inegociáveis. Não existe ética pela metade e foram sempre esses os critérios que pautaram minha trajetória.

Estou absolutamente feliz com as profícuas conversas francas que, desde fevereiro, nosso grupo vem tendo com confederações, atletas e pessoas ligadas ao esporte, educação e saúde. Cada vez mais me asseguro que tem gente muito boa militando no esporte, que merece ser reunida e ter oportunidades no COB. É aquilo que tenho chamado de gestão plural.

Desde o início nosso grupo tem sido transparente, pondo as cartas na mesa, atuando de peito aberto, abrindo espaços importantes para o diálogo e, sobretudo, respeitando as normas de desincompatibilização previstas na Carta Magna do Movimento Olímpico do Brasil. Como advogado, respeito as leis.

E assim pretendemos gerir o COB. Unir as pessoas boas que há no esporte, dar espaços a quem nunca os tiveram, trabalhar juntos, respeitar o Conselho de Administração, dar autonomia às confederações e orçamento próprio à Comissão de Atletas para realizar com independência suas atividades. Queremos inovar e resgatar a credibilidade do nosso Movimento Olímpico, de forma que o COB volte a ser a reserva moral do nosso esporte e uma referência positiva para o Brasil.

Alberto Murray Neto é advogado do escritório Murray – Advogados, de São Paulo.

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