Varejo paulista em abril aponta queda de 3,3% em relação a 2015
Pelo segundo mês consecutivo, o comércio varejista do Estado de São Paulo registrou queda nas vendas na comparação interanual. Em abril, o faturamento real do varejo foi de R$ 44,7 bilhões, retração de 3,3% em relação ao mesmo mês de 2015, quando a receita foi de R$ 46,2 bilhões. No acumulado de 12 meses, a queda atinge 6%.
Os dados são da Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista no Estado de São Paulo (PCCV), realizada mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), com base em informações da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo (Sefaz-SP).
Entre as 16 regiões analisadas pela Federação, nove apresentaram retração em abril na comparação com o mesmo mês de 2015. Os dois piores desempenhos foram observados nas regiões de Osasco (-14,5%) e Capital (-7,4%). Já as regiões do Litoral (6,3%) e Araraquara (4,9%) foram as melhores do Estado.
Das nove atividades pesquisadas, seis registraram queda nas vendas em abril considerando a mesma base de comparação: lojas de vestuário, tecidos e calçados (-21,6%), eletrodomésticos, eletrônicos e lojas de departamentos (-12,9%), materiais de construção (-12,4%), lojas de móveis e decoração (-10,4%), concessionárias de veículos (-7,4%) e outras atividades (-2,7%). Esses seis segmentos, no seu conjunto, impactaram negativamente o resultado geral do comércio em 5,5 pontos porcentuais.
Já os setores de farmácias e perfumarias (13,8%), supermercados (3,7%) e lojas de autopeças e acessórios (1,3%) foram os únicos que apresentaram crescimento em abril. Esses índices positivos atenuaram a queda geral em 2,2 pontos porcentuais.
Segundo a assessoria econômica da FecomercioSP, apesar do desempenho negativo registrado em abril, os indicadores de confiança mostram uma melhora das expectativas dos agentes econômicos diante das mudanças do quadro político e da troca de comando das autoridades econômicas. O mercado parece esperar que o protagonismo absoluto das questões políticas se reduza e abra espaços para discussões e aplicações de medidas econômicas de ajuste efetivo e de controle das atuais distorções, sem elevações da carga tributária.
De acordo com a FecomercioSP, as projeções indicam que já a partir de julho, até outubro, o varejo tende a apresentar taxas positivas, o que permitiria ao comércio encerrar o ano com variação perto de zero. Embora possam parecer pouco prováveis, os economistas da entidade apontam que esses índices mensais positivos são factíveis, pois acompanhariam a melhora da confiança e seriam obtidos em relação a bases comparativas extremamente frágeis de 2015. No segundo semestre do ano passado as quedas do faturamento se tornaram mais intensas, passando de uma média de -4,0% registrada nos seis primeiros meses para -8,8% na segunda metade de 2015, com pico de -12,2% em setembro. Além disso, mesmo com taxas positivos, a magnitude do faturamento real apurada ficaria bem abaixo daquelas registradas em 2014.
Caso as projeções se confirmem, ainda segundo a Federação, a mudança poderá ser entendida como um ponto de reversão do ciclo negativo do varejo, muito embora ainda sem os elementos que permitam garantir um período consistente de recuperação do movimento do comércio paulista em 2017. Afinal, o quadro permanece negativo para as principais determinantes do consumo, já que os juros estão elevados, a renda segue em queda e o desemprego continua elevado.
As vendas do comércio varejista da capital paulista atingiram R$ 13,8 bilhões em abril, queda de 7,4% na comparação com o mesmo mês de 2015 – segundo pior resultado entre todas as regiões do Estado. Com isso, o varejo paulistano alcança o menor faturamento para abril desde 2009, R$ 1,1 bilhão abaixo do registrado no mesmo mês do ano passado.
Sete das nove atividades analisadas apresentaram queda nas vendas em abril na comparação com o mesmo mês de 2015, com destaque para lojas de vestuário, tecidos e calçados (-30,4%), lojas de móveis e decoração (-13,4%) e eletrodomésticos, eletrônicos e lojas de departamentos (-12,9%). No total, esses três segmentos impactaram negativamente com 5 pontos porcentuais (p.p.) no resultado geral.
Por outro lado, duas atividades cresceram no período e evitaram um resultado pior: as farmácias e perfumarias (16,8%) e os supermercados (2,4%) – juntos esses segmentos contribuíram com 1,9 p.p. para o resultado geral.
De acordo com a assessoria econômica da FecomercioSP, o baixo desempenho do varejo da capital em abril se justifica pelo crescente desemprego na região em relação à média do País no 1º trimestre deste ano (12,6% contra 11,9%, respectivamente). Essa variável, combinada com a inflação acima da meta e concentrada em itens essenciais, acaba por impactar de forma direta o rendimento real dos consumidores, retraindo por consequência seu poder de compra.
Entretanto, a entidade pondera que existe a possibilidade desse processo recessivo desacelerar nos próximos meses, considerando as recentes pesquisas de confiança dos consumidores paulistanos que apresentaram, em maio e junho, melhora das expectativas.
A PCCV utiliza dados da receita mensal informados pelas empresas varejistas ao governo paulista por meio de um convênio de cooperação técnica firmado entre a Sefaz-SP e a FecomercioSP.
As informações, segmentadas em 16 Delegacias Regionais Tributárias da Secretaria, englobam todos os municípios paulistas e nove setores (autopeças e acessórios; concessionárias de veículos; farmácias e perfumarias; lojas de eletrodomésticos e eletrônicos e lojas de departamentos; lojas de móveis e decoração; lojas de vestuário, tecidos e calçados; materiais de construção; supermercados; e outras atividades).
Os dados brutos são tratados tecnicamente de forma a se apurar o valor real das vendas em cada atividade e o seu volume total em cada região. Após a consolidação dessas informações, são obtidos os resultados de desempenho de todo o Estado.
A FecomercioSP é a principal entidade sindical paulista dos setores de comércio e serviços. Congrega 157 sindicatos patronais e administra, no Estado, o Serviço Social do Comércio (Sesc-SP) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac-SP). A Entidade representa um segmento da economia que mobiliza mais de 1,8 milhão de atividades empresariais de todos os portes. Esse universo responde por 11% do PIB paulista – aproximadamente 4% do PIB brasileiro – e gera 5 milhões de empregos.