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Publicado em 10/09/2019 - 7:24 am em | 0 comentários

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Iniciativas de combate ao suicídio são essenciais para salvar vidas

Setembro Amarelo: reduzir os índices de suicídio

Iniciativas de combate ao suicídio são essenciais para salvar vidas

A cada 40 segundos uma pessoa tira a própria vida no mundo, informa a Organização Mundial da Saúde (OMS), e isso ocorre por diversos fatores, que vão desde problemas mentais, instabilidades psíquicas e emocionais, motivações vindas da Internet e que afetam especialmente os jovens, entre outros. Assim, o suicídio é um dos mais graves problemas de saúde pública, bem como é sua prioridade.

No Brasil, o Ministério da Saúde aprofundou as investigações sobre o tema, e os dados são alarmantes. Segundo última pesquisa, de 2017, o número registrado foi cinco vezes maior do que 2007, saltando de 7.735, para 36.279 notificações. O Sudeste foi a região que concentrou quase metade (49%) das notificações.

O enfrentamento de conflitos, desastres, violência, perdas, entre outras questões, estão fortemente associadas ao comportamento suicida. Deve-se atentar também às taxas elevadas de suicídios em grupos vulneráveis e que sofrem discriminação. Diante disso, com o objetivo de prevenir e reduzir estes números, a campanha Setembro Amarelo é tão relevante. A Organização Mundial da Saúde (OMS) tem como meta a redução de 10% dos óbitos por suicídio até 2020.

Para esclarecer sobre o tema, a professora Cláudia Freitas, coordenadora do curso de Psicologia da Anhanguera de São José dos Campos, respondeu algumas questões sobre como identificar e combater o suicídio.

O que tem causado o aumento de casos de suicídio? Acredito que seja um conjunto de fatores: a mídia, a alta incidência de transtornos mentais muitas vezes não diagnosticados e não tratados, a recusa ao tratamento para transtornos já instalados e identificados. Porém, é importante ressaltar e avaliar que atualmente estamos tendo mais acesso aos dados. Por exemplo, desde 2014 é obrigatória a notificação de tentativa de suicídio pelas secretarias municipais de saúde, dado que, anteriormente, muitas vezes não era reportado.

O que leva uma pessoa a tomar uma atitude como essa? Quadros de depressão, ansiedade? Quais são os sinais de alerta? Transtornos de humor como a depressão pode sim ter uma influência sobre uma tentativa de suicídio. Pessoas com diagnósticos de transtornos de humor têm maior taxa de ‘sucesso’ em tentativas de suicídio do que pessoas que não têm esse tipo de transtorno. É difícil estabelecer uma causa comum a todos aqueles que tentam ou que cometem o suicídio porque independentemente da presença de um transtorno, cada indivíduo tem uma história e experimenta as vivências cotidianas de uma forma única. Vale estar atento quando um parente, ou um amigo se isola demais, dispensa contatos sociais, verbaliza muito o desejo de morrer ou sempre tem um discurso de sentimentos de menos valia e inferioridade se sentindo ser um “peso” na vida dos demais, sentindo-se sempre inútil e incompetente, enfim, são alertas que merecem atenção de quem está mais próximo.

Um risco para o suicídio adolescente é a Internet. Por que isso acontece? Como prevenir? A internet e a toda essa “digitalização” da vida , onde temos tudo “na ponta dos dedos” sem dúvida tem uma influência sobre esse aumento dos casos na adolescência. Circula na internet um seriado que trata do suicídio de uma garota de 17 anos e impacta, por identificação, muitos adolescentes. Mas para além disso, acredito que todo o estilo de vida que adotamos pode ter uma influência. Atualmente, as crianças e os adolescentes passam muito tempo solitários em atividades nas quais não estabelecem vínculos afetivos, têm questões de saúde física, alimentação muitas vezes bem ruim, qualidade do sono comprometida. Tudo isso leva ao aumento do estresse e o surgimento de transtornos em que vai se criando um ambiente propício para situações disfuncionais que, quando não percebidas a tempo, podem sim ter um desfecho muito ruim como o suicídio. Diante disso, destaco a importância de se falar da qualidade de vida.

Em qual parcela da população (faixa etária), o problema tem ocorrido com mais frequência? A que pode estar atrelado? Existem dados da OMS de 2018 apontando que essa foi a segunda maior causa de mortes entre a população de 15 a 29 anos; no mundo, cerca de 800 mil pessoas morrem por ano devido ao suicídio. São muitas pessoas em sofrimento tentando resolver conflitos de forma extrema. Mas acredito, como disse anteriormente, que buscar ajuda para garantir uma boa qualidade de vida pode ajudar a lidar melhor com os desafios, os transtornos etc. e diminuir essas taxas tão assustadoras.

Quais são os caminhos para cuidar da saúde mental? Cuidar da saúde mental é cuidar e se preocupar com a qualidade de vida de modo geral. As pessoas costumam pensar que qualidade de vida está associada apenas à boa alimentação e atividade física, mas a nossa saúde emocional/mental é tão importante quanto. A ajuda pode vir desde ter uma rede de apoio (família, amigos…) e a busca por profissionais qualificados para atuarem em questões específicas, no caso, nós psicólogos, e os psiquiatras, quando é o caso de uma intervenção com medicações.

Que mensagem pode destacar para a valorização da vida e combater o suicídio? Viver é bom! Todos nós temos problemas e passamos por dificuldades, somos chamados diariamente a vencer desafios, e que bom que isso ocorre porque vencer desafios nos torna ativos. Problemas são inerentes à vida diária e as vezes eles são maiores e mais pesados, mas precisamos buscar ajuda para enfrentá-los. A psicologia está a serviço dos sujeitos para auxiliar na elaboração dos conflitos e melhoria da qualidade de vida de cada um.

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