Edição 355 Agosto 2024
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Quarta, 18 De Setembro De 2024
Editorias

Publicado na Edição 251 Dezembro 2015

Fazer política. Pena…

Luiz Carlos Ferraz

Nestes últimos dias de 2015, quando nossas mentes e corações se voltam ao espírito natalino do nascimento do menino Jesus e, de modo geral, somos levados à celebrar virtudes – como a solidariedade, a misericórdia e o amor ao próximo –, os políticos brasileiros encastelados no Executivo e Legislativo estão apresentando à Nação o que eles têm de pior e até onde estão atolados na lama da corrupção, revelando a face mais abominável da Política – cuja palavra deriva da grega politeia e se refere à polis (cidade-estado) e à vida em coletividade. Para quem compreende que a Política é um exercício que está na essência do ser humano civilizado, do tipo que todo mundo faz ou deveria fazer, visando, entre outras coisas, decidir com equilíbrio, de modo a promover o desenvolvimento social e a mitigar injustiças, o que se assiste no cenário palaciano é que a ciência, ou arte, foi transformada num conjunto de ações que serve apenas para dar suporte a fins escusos, como o assalto aos cofres públicos. Esta é a premissa nº 1 da Política federal: roubar o que é público, entendido não como aquilo que é de todos, mas o que não é de ninguém – e se não é de ninguém pode ser meu e de meu bando. Para que não se reduza a crítica a uma dose exagerada de pessimismo, também é possível admitir que, se é numerosa a quadrilha de políticos que age tão somente para se locupletar com o erário, é também expressivo o grupo que, fingindo que não age, deixa que a roubalheira prolifere à vontade, tendo como álibi o já tradicional “não vi, não sei”. Em face à roubalheira carimbada com o selo oficial, não há argumento que resista à fúria do político de plantão. Mais respeito à vontade popular expressa nas urnas? Balela. Mais respeito à legalidade? Conversa mole. 2016 traz a expectativa de eleições para os cargos de prefeito, vice-prefeito e vereador em todos os 5.570 municípios brasileiros. Pode parecer pouco, mas talvez seja um excelente momento para mudar. Afinal, alguma coisa tem que ser feito para que a ação política, fundamental numa democracia, não venha a ser transformada, antes do que possamos imaginar, em artigo do Código Penal.

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