Insumos e câmbio ameaçam
Nelson Tucci
A falta de insumos, o crescimento dos casos de Covid-19 e as incertezas do câmbio já acenderam a luz amarela no setor automobilístico. O ano novo começará com incertezas. O 2020 já ficou para trás, mas com uma história de volatilidade grande, já que em função da pandemia tivemos um primeiro semestre desastroso, do ponto de vista econômico, e um segundo mais alentador com crescimento de produção e vendas sobre bases mensais anteriores. No acumulado do ano, o crescimento será negativo, mas, em razão do tombo que sofreu toda a economia mundial, alguma luzinha pode ser avistada em 2021.
O penúltimo mês do ano, novembro, manteve o pique da cadeia automotiva no semestre. Depois de dias de produção zero (em abril), agora os números estão para cima. Comparativamente a igual período de 2019, novembro registrou crescimento de 4,7% na produção. Mas nem tudo são flores. O ministro Paulo Guedes, da Economia, gosta de falar que a economia está (ou estará) em “V”; ou seja, do mesmo jeito que cai, sobe. No entanto, quem acompanha o mercado automobilístico (uma das molas propulsoras de receita e emprego no país) enxerga um movimento que mais parece um “S” que propriamente um “V”. 2021 está bem pertinho no calendário, mas o que falta para se chegar até lá parece uma eternidade, tal a necessidade que temos, no todo, de se arranjar as coisas.
De acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), novembro manteve o viés de crescimento no semestre. As exportações foram surpreendentemente bem, com volume de 44.007 unidades, melhor resultado obtido desde agosto. Já a Fenabrave, (associação das distribuidoras) mostrou licenciamento 4,4% maior em novembro, sobre outubro. No acumulado do ano (janeiro a novembro), porém, os licenciamentos estão 28,6% abaixo de igual período de 2019, e a produção (de 1,8 milhão de unidades) será 35% inferior (mesma base de comparação).
Os repiques do câmbio preocupam, assim como a questão sanitária – em todas as fábricas de autopeças e montadoras – e parte significativa dos insumos. Mas se tudo estiver mais arrumado em janeiro, com a vacina entrando em campo e as reformas avançando no Congresso, a indústria de quatro rodas se garante.
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