História do modernismo preservada
O Conjunto da Tecelagem Parahyba e da Fazenda Santana do Rio Abaixo, em São José dos Campos, no interior de São Paulo, passou a integrar o Patrimônio Cultural Brasileiro. A decisão foi tomada por unanimidade em novembro na 98ª Reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, órgão vinculado ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O conjunto já havia sido tombado provisoriamente pela autarquia e agora recebe a proteção em caráter permanente.
O Conselho indicou que o conjunto seja inscrito nos seguintes Livros do Tombo do Iphan, autarquia federal vinculada à Secretaria Especial da Cultura e ao Ministério do Turismo: Livro do Tombo Histórico; Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico; e, ainda que parte do acervo preservado seja inscrita no Livro das Belas Artes. Em virtude do tombamento, todas as intervenções na edificação terão de ser autorizadas pelo instituto.
Trata-se da primeira indústria têxtil instalada no município de São José dos Campos, em 1925. A Tecelagem Parahyba destacou-se a nível nacional na produção de mantas e cobertores. O complexo industrial abriga conjunto de construções modernistas e inclui trabalhos do escritório do arquiteto Rino Levy, que projetou a residência da família Olívio Gomes, proprietária da empresa.
A tecelagem conta com jardins do paisagista e arquiteto Roberto Burle Marx. Caracterizados pela total integração da arquitetura à paisagem, assegura qualidades estéticas e ambientais à uma atividade que no imaginário urbano sempre esteve associada a ambientes insalubres e esfumaçados. No conjunto estão representadas concepções arquitetônicas de diferentes fases da industrialização paulista do século XX. Remete à Semana de Arte Moderna de 1922 e aos movimentos culturais da época que valorizavam o sentido nacional popular da cultura.
“Além da importância do bem para a história do modernismo, a Tecelagem Parahyba também é considerada um marco do processo de industrialização do Brasil”, ressalta a presidente do Iphan, Larissa Peixoto. Inicialmente, a construção foi inspirada por características de modelos ingleses, tais como fábricas de tijolo aparente; cobertura do tipo shed, que privilegia luz e ventilação naturais; bem como distribuição e organização interna dos galpões seguindo a lógica de produção.
Com o passar dos anos, investiu-se em edificações que valorizassem a melhoria da qualidade de vida dos funcionários. Nesse sentido, a arquitetura moderna estabelece modelos que consideram tanto a produção quanto as condições ambientais para o trabalhador.