O canto mais popular
Água Barulhenta. Essa é a tradução, do tupi para o português, para a palavra “Itororó”, que já foi um dos cursos d’água mais importantes da história de Santos, assim como fonte de água mineral de qualidade incontestável. Pelo nome, é provável que tenha tido, nos idos coloniais, uma nascente robusta, caudalosa, que brotava das entranhas do Monte Serrat certamente como uma cachoeira (daí a justificativa para o “barulhenta”).
O ribeirão Itororó (que também já recebeu o nome de ribeirão do Carmo), formado por esta nascente, percorria um caminho pouco sinuoso, passando por detrás do convento do Carmo e desaguando no lagamar portuário na altura da atual Praça Barão do Rio Branco. Suas águas foram utilizadas, inicialmente, por Braz Cubas, fundador de Santos, que mantinha junto à nascente um pequeno curtume (onde se curte o couro bovino para fins de produção de vestuário e móveis).
Por alguns séculos, as límpidas águas do Itororó foram as preferidas da população santista para uso doméstico e consumo próprio. Tanto que, na década de 1840, foi esta a nascente escolhida para abastecer o Chafariz da Coroação (o mais importante da cidade), localizado onde hoje está a Praça Mauá.
Mas aí veio o progresso. A cidade crescia a olhos vistos e os velhos ribeirões coloniais, cada vez mais poluídos, foram sendo canalizados, um a um. Ao Itororó restou, ao menos, sua nascente e fonte, ainda envolta pelo pequeno parque arborizado, local de passeio e, na virada do século XIX para o XX, onde se podia tirar fotografias de lambe-lambe.
Na década de 1920, as águas da nascente do Itororó passaram a ser exploradas comercialmente, pelo empresário Rui Carlos Herdade, que obteve concessão da Prefeitura (dona dos terrenos do Itororó) em 1924, por meio de edital, para construir um pavilhão que englobaria um bar e restaurante. O contrato de arrendamento, de 20 anos, foi assinado em 1925. Herdade chegou e engarrafar e gaseificar as águas do Itororó no período em que esteve explorando o local, até 1945, quando a área e todas as benfeitorias feitas ali voltaram para as mãos do município.
A Música e o Carnaval do Rio
A cantiga de roda “Fui no Itororó” teve origem atribuída à fonte santista. Quem a registrou foi o maestro Villa-Lobos, em 1926, mas só depois de introduzir algumas alterações. Em 2016, o Grêmio Recreativo Escola de Samba Acadêmicos do Grande Rio saudou o velho símbolo com um belo desfile na Marquês de Sapucaí.
Conheça o trabalho desenvolvido pela Fundação Arquivo e Memória de Santos: acesse o site www.fundasantos.org.br