Mercado cobra novos modelos de financiamento para fomentar projetos
Novas fontes de financiamento e o peso da caderneta de poupança para a construção civil deram o tom do segundo webinário do 4º Fórum Brasileiro de Incorporadoras, realizado pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc). Participaram do encontro: o presidente da entidade Luiz França; Rogério Marinho, ministro do Desenvolvimento Regional (MDR); Alfredo dos Santos, secretário nacional de Habitação; Jair Mahl, vice-presidente da Caixa; Ricardo Valadares Gontijo, CEO da Direcional; Eduarda Tolentino, presidente da BRZ; e o jornalista William Waack.
O próximo webinário da Incorpora 2021 ocorre amanhã, das 16 às 18 horas, e vai discutir as Tendências e Perspectivas para o próximo ano. As inscrições para participação no fórum são gratuitas e podem ser feitas no link https://bit.ly/3EZ7ZWC
França afirmou que é preciso continuar pensando no futuro e em novas estratégias com o objetivo de superar o atual volume de financiamentos e fomentar novos empreendimentos: “O desafio do crédito imobiliário não é financiar os seus clientes até o volume da caderneta de poupança (cerca de R$ 790 bilhões) e sim sair de um número que está em torno de 10% do PIB”.
Para Fábio Tadeu Araújo, sócio-diretor da Brain Inteligência, mesmo em um cenário de pandemia e restrições, a construção civil encontra-se em um momento de elevação. Araújo lembrou que, com juros baixos, comprar um imóvel é uma oportunidade de investimento e também uma opção de mudança de vida para muitos brasileiros: “Hoje, 10% das famílias brasileiras estão ativamente buscando imóvel, quer seja visitando plantões de vendas de imóveis novos ou na planta, ou ainda, pesquisando imóveis usados e terrenos”.
Foi unânime no webnário a constatação do “peso” da Caixa Econômica dentro das políticas habitacionais no Brasil. O secretário Nacional de Habitação, Alfredo dos Santos, lembrou que a atual gestão trabalha para criar condições que aprimorem o financiamento e disse que hoje o foco é o faixa 3 (trabalhadores com renda mensal de até R$ 7 mil) do Casa Verde Amarela, que vai contar com R$ 2,5 bilhões em investimentos, ainda em 2021, para a conquista do seu imóvel, por conta das mudanças na taxa de juros do banco: “Esse é o foco e nós temos procurado melhorar, cada vez mais, as condições das famílias que querem comprar seu imóvel”.
Já o vice-presidente da Caixa, Jair Mahl, lembrou a importância do papel do correspondente bancário da Caixa, seja virtual ou na própria construtora, e destacou o volume de mais de R$ 530 bilhões investidos em financiamento habitacional e com o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) e que vai buscar mais R$ 130 bilhões ainda este ano. Por fim, ele garantiu que o banco vai manter o ritmo no curto prazo: “A Caixa pretende manter o volume de contratações para 2022”.
O recorde em contratações do crédito imobiliário reforça que há uma demanda resiliente por imóveis no Brasil e o CEO da Direcional, Ricardo Valadares Gontijo, lembrou que as novas demandas por crédito são desafios para o futuro, mas, no momento, o foco deve ser controlar o custo da construção civil para que as incorporadoras possam oferecer imóveis a preços competitivos: “O nosso desafio deve ser no ganho de produtividade, de novos processos construtivos e de novas tecnologias. Para que possamos mitigar esse aumento de custo e tornar o mercado mais atrativo”.
Eduarda Tolentino, presidente da BRZ, destacou com o “novo normal”, onde as pessoas estão cada vez mais em casa – até mesmo no home office – e buscando mais conforto e praticidade, a exigência do produto final oferecido também será cada vez maior: “As construtoras precisaram se reinventar porque os consumidores ficaram mais exigentes”.
No encerramento, o presidente da Abrainc falou da importância dos avanços em políticas ESG nas empresas de construção civil no Brasil e afastou a possibilidade de que construtoras brasileiras padeçam do mesmo mal que hoje atinge a gigante chinesa Evergrande. Ele avalia que o grau de alavancagem (GAF), indicador que aponta o risco no qual a empresa em questão está exposta, é muito baixo nas construtoras e incorporadoras brasileiras: “As nossas empresas não tem o nível de alavancagem que a gente vê nessas empresas chinesas. Portanto: 0% de chance de a gente ter qualquer problema desse no Brasil”.