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Publicado em 7/05/2021 - 6:55 am em | 0 comentários

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Desemprego e empobrecimento desafiam periferias na Baixada Santista

CUFA leva comida e oportunidades às comunidades

Desemprego e empobrecimento desafiam periferias na Baixada Santista

A necessidade mora em um cômodo no Bairro Jóquei Clube, em São Vicente, e tem nome e sobrenome: Karina Lima, 34 anos, quatro filhos com idades entre 2 e 12 anos. Em um dos muitos dias de escassez de comida, a família dividiu as sobras de um pão embolorado. “Tirei os pedaços do bolor e dividi o pão. Eles foram parar no hospital, mas o que eu poderia ter feito?”, questiona.

Na semana passada o IBGE divulgou que o Brasil tem 14,4 milhões de desempregados, o maior número desde 2012 quando a pesquisa foi iniciada. Karina faz parte desse universo e de outra estatística igualmente perversa: a dos brasileiros que empobreceram.

Até o ano passado, ela morava no interior de São Paulo. Com a pandemia, o ex-marido ficou desempregado e deixou de pagar pensão. Karina teve de voltar para o cômodo que era do pai, em São Vicente: “Estou com 12 contas atrasadas, incluindo água e luz. De vez em quando, consigo fazer uma faxina, mas, como tenho quatro crianças, até isso é difícil para mim”.

Ainda não há estudos oficiais que confirmem o movimento de migração de pessoas para áreas mais periféricas das cidades. No entanto, para Deraldo Silva, coordenador da Central Única das Favelas (CUFA), da Baixada Santista, a realidade é muito evidente nas favelas da região: “Famílias que tinham um lava rápido, uma lanchonete na garagem de casa, perderam o poder econômico e estão voltando para esses territórios de maior vulnerabilidade social, onde o aluguel é menor e, às vezes, nem existe”.

Para o economista Fernando Pinheiro, mestre em políticas sociais, esse empobrecimento da população traz sérios impactos, como a maior dificuldade na hora de se candidatar a uma vaga de trabalho: “Você muda o eixo do deslocamento. Muitas pessoas acabam não conseguindo determinado trabalho em razão dos custos com transporte”.

Ele avalia que pode haver uma sobrecarga no setor público em bairros mais periféricos: “Isso deve ocorrer com os serviços de saúde e educação, por exemplo. Crianças e jovens em idade escolar terão de ser matriculados na região onde moram. Tem estrutura para isso?”. Pinheiro chama a atenção ainda para a probabilidade do aumento no contágio do coronavírus, já que um número maior de pessoas, estaria morando em um lugar menor.

O trabalho da CUFA é acolher e ajudar. “Estamos em um cenário caótico, temos que alcançar essas famílias com cestas, cuidar da melhora da saúde física e mental delas”, informa Deraldo. Karina, por exemplo, ganhou um vale de R$ 120 da CUFA. O dinheiro deu a ela um fio de esperança: “Passei no mercado comprei uns ingredientes, massa, queijo, presunto, e vou fazer pastel para vender na vizinhança”.

Para doações à CUFA Baixada Santista, acesse o link https://linktr.ee/CUFABAIXADASANTISTA

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