Edição 367 Agosto 2025
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Domingo, 05 De Outubro De 2025
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Publicado na Edição 366 Julho 2025

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TDAH também pode afetar o idoso

Quando o diagnóstico chega na Terceira Idade

TDAH também pode afetar o idoso

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), tradicionalmente associado à criança, também pode afetar o idoso. E, em muitos casos, o diagnóstico só chega depois dos 60 anos, transformando completamente a compreensão que essas pessoas têm sobre si mesmas. “O TDAH é um transtorno do neurodesenvolvimento que acompanha o indivíduo ao longo da vida. O que muda são as formas como ele se manifesta e, principalmente, como é percebido pelas pessoas”, explica o neurologista Matheus Trilico, especialista em TDAH e neurodiversidade, ao estimar que aproximadamente 2% a 4% dos adultos com mais de 65 anos podem apresentar o transtorno, sendo que a maioria cresceu em uma época em que o TDAH era completamente desconhecido.

Trilico observa que muitos de seus pacientes idosos chegam ao consultório relatando que sempre foram vistos como avoados, desorganizados ou esquecidos demais: “É comum ouvirmos relatos como ‘sempre fui assim, desde criança’ ou ‘minha família sempre disse que eu era distraído’. Essas características, que muitas vezes foram motivo de críticas ao longo da vida, ganham finalmente uma explicação científica”.

Na Terceira Idade, o TDAH se manifesta de forma diferente do que observamos em crianças. A hiperatividade física típica da infância dá lugar a uma inquietação interna persistente, enquanto os problemas de atenção e organização se intensificam. “É como se o cérebro estivesse sempre em movimento, mesmo quando o corpo está em repouso”.

Muitos avós atribuem suas dificuldades ao “envelhecimento normal”, sem perceber que podem estar lidando com sintomas de TDAH. Trilico destaca sinais importantes: “É comum encontrarmos avós que sempre tiveram problemas para se organizar, que se distraem facilmente durante conversas familiares ou que começam várias tarefas ao mesmo tempo, mas têm dificuldade para terminar qualquer uma delas”.

O especialista alerta que, quando essas dificuldades interferem significativamente na qualidade de vida, é hora de buscar avaliação especializada. “A diferença está no impacto funcional. Quando o esquecimento constante afeta a capacidade de cuidar dos netos, quando a desorganização impede a gestão da casa ou quando a falta de foco prejudica relacionamentos, precisamos investigar”.

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