Refluxo não reduz investimentos, diz AEA
Nelson Tucci
O recuo das vendas no setor preocupa no curto prazo, sempre. Mas no longo prazo a indústria automobilística brasileira segue seu rumo. De acordo com a Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA), os investimentos de cada montadora seguem seu curso e novas tecnologias estão sendo introduzidas. No plano dos combustíveis alternativos aos fósseis, a AEA aposta no etanol – uma tecnologia de amplo domínio nacional. Veículos & Negócios entrevistou Edson Orikassa, presidente da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva, que nos atendeu com simpatia e sempre pontuando de forma objetiva as questões envolvendo este momento da vida nacional.
Presidente, a Associação avançou na discussão do real drive, como tínhamos comentado em dezembro último? Existe alguma proposta formatada?
Estivemos com o órgão regulamentador, porém isto não foi demandado. Ainda não existe proposta formatada.
A crise econômica por que passa o país – com acentuada queda do setor automotivo – tem levado as montadoras, de forma geral, a postergarem investimentos em novas tecnologias?
Os investimentos estão seguindo o cronograma de cada montadora, as novas tecnologias estão sendo introduzidas, principalmente visando atender à meta de eficiência energética, como Start/Stop, injeção direta, VVT, híbridos, câmbio AT e CVT etc. O prazo final de cumprimento é dezembro de 2017.
A Associação trabalha na análise de casos específicos – carros elétricos, a hidrogênio, por exemplo –, ou somente monitora o âmbito geral dessa discussão? Existe parceria tecnocomercial da AEA com alguma montadora no país?
Nós desenvolvemos todos os procedimentos de testes para híbridos, híbridos plug-in e elétrico. Promovemos um workshop com o governo sobre a geração de hidrogênio a partir do etanol. Hoje 16 montadoras são associadas e colaboram nas comissões técnicas.
Em que pé anda a questão da melhoria do etanol?
O etanol de segunda geração já conta com duas usinas. A AEA promoveu um workshop sobre melhoria de consumo com etanol para 75% da gasolina e vai abrir uma comissão para tal demanda.
A Holanda já pensa em vender somente elétricos dentro de 10 anos. O Brasil pode acompanhar isso, com movimento semelhante, ou o nosso caso é diferente?
Existem duas correntes mundiais para redução da emissão de CO2. Alguns países seguem a eletrificação, mas no Brasil temos o etanol que também reduz essa emissão e é bem mais simples tecnicamente. De todo modo, veículos elétricos também estão sendo introduzidos no Brasil.
Qual a perspectiva em termos de desenvolvimento tecnológico ambiental para os carros fabricados no Brasil?
Existe perspectiva de algumas montadoras em fabricar veículos híbridos flex no Brasil. Acreditamos que tão logo sejam superadas as dificuldades econômicas do Brasil, tais montadoras irão investir.