55/Rio Hotel resgata o glamour
Um dos prédios mais charmosos do Rio de Janeiro, onde funcionou o Grande Hotel Bragança, no 9 da Avenida Visconde de Maranguape, ao lado dos Arcos da Lapa, foi recuperado e retomou sua antiga função. Após dois anos e meio de obras, o endereço que já hospedou nomes como Noel Rosa e Di Cavalcanti passou a ser chamado 55/Rio Hotel.
O edifício centenário é famoso pelos dois torreões que arrematam seu telhado. O 55/Rio Hotel é resultado do investimento de dois grupos: o brasileiro Gamaro e o norte-americano Klaff Realty. O empreendimento recebeu investimento de R$ 60 milhões aplicados no restauro das características originais das fachadas do prédio de estilo arquitetônico eclético, na construção de um anexo e nas instalações, para oferecer 120 apartamentos, além do bar e do restaurante que serão abertos ao público.
A obra também recuperou o prédio vizinho que, apesar de ter sido incorporado ao novo hotel, manteve suas características arquitetônicas originais. Nesse conjunto de frente dos dois edifícios antigos, ficam as 14 suítes mais imponentes do 55/Rio, duas delas com pé direito duplo, 37 metros quadrados de área e decoração que mescla peças antigas com outras de design mais arrojado.
Na parte de trás do terreno foi erguido o anexo de vidro, aço e concreto, em estilo moderno, arquitetonicamente e visualmente independente do prédio antigo. Em oito pavimentos estão dispostos 106 quartos, uma academia de ginástica e um terraço que, pelo imenso potencial da vista e da localização, tem vocação de se transformar em point da noite na Lapa. Localizado no último andar do edifício e cercado apenas por um guarda corpo de vidro transparente, o espaço dará aos seus visitantes um ângulo único da cidade, com pano de fundo os Arcos da Lapa e a Catedral do Rio de Janeiro. O contraste entre o que há de mais moderno e o resgate do passado foi a tônica da obra que teve a participação do arquiteto Jean de Just no projeto de decoração.
“O projeto de decoração teve como objetivo fazer com que os hóspedes se sintam em uma casa”, afirma Jean: “As áreas comuns são modernas e aconchegantes, com detalhes como os sofás do lobby que se encaixam nas portas-janelas e criam espaços íntimos dentro de uma enorme área. Nos quartos localizados no bloco antigo, também usamos cores específicas e um estilo mais intimista para dar essa sensação de lar. Já nas suítes do anexo, mais modernas, inserimos detalhes que dão personalidade como papel de parede, almofadas e quadros de fotos”.
Para ressaltar e destacar a separação dos dois prédios, entre o antigo e o moderno, no pátio interno onde ficam algumas das mesas do restaurante, os visitantes irão se deparar com um enorme grafite obra de um artista conhecido como “Vermelho”. Quem ficar hospedado no novo hotel terá referências do que foi o passado do prédio erguido entre os anos de 1908 e 1910. As paredes do lobby e de alguns quartos, por exemplo, revelam a estrutura de pedras que sustenta a construção. Detalhes na decoração também dão pistas de outras épocas. Alguns elementos originais (como portas e janelas) foram reaproveitados e transformados em biombos que decoram o pátio interno e as suítes master. Já o piso do lobby traz mosaicos de ladrilhos hidráulicos de diferentes momentos do edifício. Toda a obra contou com o apoio de órgãos públicos de preservação do patrimônio histórico, que ajudaram, por exemplo, na definição das cores empregadas nas fachadas e na identificação de características fundamentais que deveriam ser protegidas.
“Nosso objetivo sempre foi a realização de um projeto hoteleiro moderno restaurando uma das construções mais significativas do Rio de Janeiro e colaborando para a revitalização da Lapa”, afirma Angela Freitas, investidora pelo grupo Gamaro.