Brasileiros buscam café de qualidade
Apreciado há séculos e sacudido com ondas ao longo do tempo, o café vive para muitos uma terceira onda mundial, não prezando apenas pelos grãos especiais e por uma degustação que combina aroma e sabor, mas, de forma especial, valorizando o produtor e o cultivo diferenciado. O mercado está esperto nesta tendência, pois o produto continua sendo desejo de consumo de ampla parcela da população e considerando também que, no caso dos basileiros, 44% dos consumidores estão dispostos a pagar mais por um café de excelente qualidade, segundo pesquisa da Euromonitor International sobre o setor no país, divulgada no final do ano passado.
O CEO e cofundador da The Coffee, Carlos Fertonani, comenta que esta terceira onda era restrita a cafeterias independentes, com pegada mais artesanal, mas agora as redes já têm se proposto a operar em larga escala, o que faz com que esses cafés de qualidade superior sejam acessíveis a um público maior. É o caso da The Coffee, que recebeu, em sua terceira rodada de investimentos, aporte de US$ 7,5 milhões, com foco na expansão internacional da marca e no aprimoramento da tecnologia utilizada em suas operações.
“Essa terceira onda é mais ‘purista’, indo contra a adição de industrializados nos cafés, de condimentos a aditivos, como conservantes, corantes, antioxidantes. A qualidade é o foco principal e sabemos que isso está atrelado à origem do grão. Foi por essa razão que a atenção aos produtores passou a ser maior e houve uma aproximação de toda a cadeia produtiva”, afirma Fertonani.
Ele explica que além da boa procedência do grão, a torrefação é um ponto crucial para se ter uma bebida de qualidade, que atenda às expectativas daqueles que “surfam” nesta terceira onda. Isso porque o café precisa ser consumido em, no máximo, um mês depois de torrado, ou ele começa a ficar velho, o que, consequentemente, impacta negativamente o sabor e toda a experiência na degustação.
A The Coffee possui dois centros de torrefação: um em Curitiba, na capital paranaense, que distribui para as cafeterias nacionais do grupo, e outro em Lisboa, Portugal, voltado às unidades localizadas na Europa. Os grãos chegam aos centros ainda verdes, o que não prejudica uma eventual demora no transporte, após seleção minuciosa dos coffee hunters da rede, que viajam o Brasil em busca dos melhores produtos. Já a moagem é feita nas próprias lojas, pouco antes de servir.