SindusCon-SP alerta para o aumento no preço de materiais de construção
Seguidos aumentos nos preços dos materiais de construção e atrasos em sua entrega, que se iniciaram em junho de 2020 e não se interromperam desde então, prosseguiram nos dois primeiros meses do ano, a ponto de provocar prejuízos financeiros e desabastecimento à indústria da construção. A constatação é da diretoria do SindusCon-SP, o Sindicato da Construção, com base em relatos de construtoras associadas à entidade.
De acordo com o presidente Odair Senra, o impacto da situação no estado de São Paulo pode ser verificado nos percentuais de aumentos dos custos destas empresas na aquisição de alguns dos principais insumos, no acumulado dos dois primeiros meses de 2021, e no acumulado de 12 meses até fevereiro de 2021, de acordo com o levantamento do CUB (Custo Unitário Básico), calculado pela FGV (Fundação Getulio Vargas).
O fio de cobre aumentou 3,04% no bimestre e 51,26% em 12 meses. Já o aço 15,38% no bimestre e 45,73 em 12 meses; cimento 5,24% e 37,42%; tubo de ferro 10,25% e 30,13%; tubo de PVC 7,40% e 29,02%; vidro 10,86% e 20%; bloco de concreto 4,31% e 18,22%; bloco cerâmico 3,82% e 13,89%; concreto 3,71% e 13,52%; tinta branca 1,27% e 10,77%; azulejo 3,81% e 10,53%; marmitex 0,60% e 8,68%; brita 2,46% e 7,35%; e areia 1,47% e 7,18%.
“A situação está ficando insustentável. Muitas construtoras relatam aumentos acima destas médias. Diversos fornecedores já estão informando que farão novos aumentos nos próximos meses. Os prazos de entrega foram dilatados, prejudicando os cronogramas de execução das obras. Um fabricante chegou a informar que não pode mais dar prazo de entrega, porque ele próprio está sofrendo problemas de seus fornecedores de matérias primas”, relata o presidente do SindusCon-SP.
Senra alerta que as consequências desta situação estão se agravando: “Nos contratos privados em andamento, o repasse desses custos aos preços das obras não entrou na previsão dos seus adquirentes, o que poderá ocasionar inadimplência e distratos. Nos contratos de obras públicas, a tendência é a busca, pelas construtoras, do reequilíbrio econômico-financeiro dos contratos, e, se houver recusa dos órgãos públicos contratantes, a judicialização desses reajustes”.
Já em relação ao fechamento de novos contratos de construção, há dificuldade crescente em realizar a orçamentação, em face da imprevisibilidade do ritmo de aumentos de preços dos insumos: “A indústria da construção tem buscado dialogar com as fabricantes de materiais e suas entidades representativas, para que sustem esta injustificada escalada de preços. As tentativas foram infrutíferas. A situação está evoluindo de maneira alarmante e, a continuar neste ritmo, prejudicará a própria indústria de materiais de construção, que assistirá ao encolhimento do volume de seus pedidos”, frisa o dirigente da maior associação de empresas da indústria da construção na América Latina.
O SindusCon-SP congrega 850 construtoras e representa as cerca de 50 mil empresas de construção residencial, industrial, comercial, obras de infraestrutura e habitação popular, localizadas no Estado de São Paulo. Tem sede na capital paulista, e representações em nove regionais e uma delegacia nos principais municípios do interior. A construção paulista representa 27,6% da construção brasileira, que por sua vez equivale a 4% do PIB brasileiro.