Residencial aplica soluções arquitetônicas em prol do coletivo
Baseado no convívio em comunidade, o Muda WF é um empreendimento residencial que integra a vida coletiva no conceito da moradia. “O projeto nasceu de uma vontade de atender as necessidades reais das pessoas e transformar a cidade em que vivemos, colocando o arquiteto no centro deste processo”, explica Maria Eugênia Fornea, CEO da Weefor, incorporadora responsável pelo projeto. O concurso Weefor Arq premiou os arquitetos responsáveis pelo projeto do Muda SF: Baldomero Navarro Gomes e Beatriz Froes Nachtergaele, da NN Arquitetos Associados.
O entorno é arborizado e permite a circulação de pessoas a pé ou de bicicleta, proporcionando um espaço de convívio além das paredes do prédio. Por isso, uma das premissas do projeto vencedor foi permitir que todos os apartamentos possuíssem vista para o bairro para que os moradores pudessem desfrutar. As áreas comuns foram pensadas para vislumbrar o lado de fora e receber iluminação natural, proporcionando troca entre os ambientes internos e externos e estimulando maior interação entre moradores e visitantes. Os jardins visaram garantir a integração dos moradores com a comunidade, com mata nativa junto à rua, para que a vida cotidiana do entorno estivesse presente nos apartamentos e vice-versa. O conceito está no piso térreo, com acesso direto a calçada e um espaço de coworking, no qual moradores podem realizar o home office compartilhado, construindo um networking pessoal e profissional.
Na fachada do residencial, o concreto aparente é um resgate do material nobre que permitiu a construção da cidade contemporânea. Outro resgate da história urbana foi realizado no projeto de paisagismo, assinado por Felipe Ferreira da Eira Arquitetura, que aproveitou isoladores elétricos do imóvel anterior (uma subestação elétrica) usando-os como uma peça de arte que reverencia a memória local.
O paisagismo seguiu conceitos naturalistas, com folhagens, e regenerativo, com o uso exclusivo de plantas nativas com foco em endêmicas da região. “A proposta é gerar a sensação de que aquelas plantas sempre estiveram ali no terreno e o edifício cresceu entre elas. O paisagismo regenerativo também foi usado no ático, com espécies nativas de diferentes tamanhos, cores e texturas para que os moradores se sintam convidados a usar esse espaço externo”, comentou Felipe.
Com a consultoria de Iago de Oliveira e Matheus Sanches, da Bloco Base, soluções arquitetônicas foram usadas em prol da saúde e do bem-estar dos moradores, diminuindo também os impactos negativos no meio-ambiente, com baixa emissão de Compostos Orgânicos Voláteis, materiais tóxicos presentes em tintas e vernizes, estudos de conforto térmico e lumínico, soluções de eficiência energética e economia de água, além de hortas individuais que estimulam o cultivo do próprio alimento.
Na garagem, um espaço geralmente repleto de gases tóxicos emitidos pelos escapamentos de carros, foi realizado o transplante de uma palmeira que estava presente no projeto original e oferece um oásis verde neste ambiente, que também recebe iluminação natural e constante troca de ar, tornando-se mais arejado e convidativo que garagens clássicas. Como destaque sustentável, um estacionamento especial para bicicletas.
Para os ambientes compartilhados da brinquedoteca e lavanderia, as arquitetas da Moca Arquitetura, Ana Sikorski e Katia Azevedo, trouxeram originalidade e identidade com foco em comunicação e diversão, ampliando os espaços com a surpresa no olhar. “Buscamos estimular a alegria das crianças com cores vivas em um espaço interativo que convida os usuários a uma experiência lúdica, assim como na lavanderia que trouxe criatividade com a brincadeira sobre perder as meias e locais para as meias perdidas, proporcionando aos moradores um local para criar memórias e expandir os sentidos”, disse Katia. Nos interiores, Paloma Bresolin e Nicholas Oher, da Ohma Design, deram foco ao apartamento decorado Arte, com trabalhos de artistas locais.