Mitologia da origem Pataxó é narrada no Museu das Culturas Indígenas
A mitologia do primeiro indígena da etnia Pataxó, Txopay Itôhã, será contada por Natan Kuparaka, no sábado, 16, às 10 horas, na Programação de Contação de Histórias do Museu das Culturas Indígenas (MCI), na capital paulista. No mito sobre a origem do povo Pataxó, a última gota de uma enorme chuva transformou-se em Txopay Itôhã, primeiro indígena a pisar na Terra. Ao nascer, ele observou a natureza e ficou fascinado com a sua beleza. Aprendeu a viver em harmonia com os bichos, os rios e a mata, passou a caçar, plantar e pescar, respeitando todos os segredos da Mãe Natureza.
Depois de um longo período, mais uma chuva se formou e de cada gota veio um novo indígena Pataxó, originando uma grande nação na Terra. Txopay, com a sabedoria de quem nasceu primeiro, reuniu-se com seus novos irmãos e os ensinou viver, trabalhar e respeitar a natureza.
Natan, que vai narrar a história para o público, é indígena da etnia Pataxó, graduado em Direito, membro da União Plurinacional dos Estudantes Indígenas e Serviço de Assistência Jurídico Universitária da Faculdade de Direito da USP. Também participa do Levante Indígena da USP e da Rede de Atenção à Pessoa Indígena (Rede Indígena – Ipusp).
Registros históricos da presença do povo Pataxó no nordeste brasileiro remontam ao século XVI. Foi em seu território originário, na Praia da Coroa Vermelha, em Porto Seguro/BA, que os colonizadores portugueses realizaram a primeira missa no Brasil, em 26 de abril de 1500.
Desde então, o povo Pataxó estabeleceu-se no extremo sul da Bahia e vive nas Terras Indígenas Águas Belas, Aldeia Velha, Barra Velha, Imbiriba, Coroa Vermelha e Mata Medonha, presentes nas cidades de Santa Cruz Cabrália, Porto Seguro, Itamaraju e Prado. Muitos migraram para outros estados, como São Paulo, em busca de novas oportunidades. É o caso da família de Natan: “Sou filho de migrantes de Coroa Vermelha, extremo Sul da Bahia. Buscamos sempre visitar nossos parentes no Nordeste para vivenciarmos integralmente nossos costumes e cultura. Encontramos com outros povos da região – como os Pankararu, Pankararé, Wassu Cocal, para compartilharmos nossas vivências de indígenas nordestinos vivendo em São Paulo”.
A cosmovisão do povo Pataxó está ligada aos Encantados, entidades do mundo espiritual e protetores da natureza. Creem no Grande Espírito Niamissū – um dos principais elementos no mito de origem, responsável por comunicar a vinda dessa grande nação para a Terra, e em Txopay Itôhã, deus guerreiro da água e personagem central na história que será narrada por Natan Kupaka. Muito ligados à chuva, os Pataxó celebram a Festa das Águas, um ritual que simboliza fartura e acontece em 5 de outubro, Dia de Txopay.
Nas tradições das artes manuais, os Pataxó são conhecidos por utilizar recursos da natureza para esculpir e talhar esculturas, confeccionar cocares, brincos, colares, pulseiras e, em especial, a produção artes com sementes vermelha de Pau-Brasil.
Participação gratuita e ingressos disponíveis no site. O MCI é mantido pela Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, gerida pela ACAM Portinari (Associação Cultural de Apoio ao Museu Casa de Portinari), em parceria com o Instituto Maracá e o Conselho Indígena Aty Mirim.