Exportações de veículos apresentaram queda de 41,5% no semestre
A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) apresentou o balanço da indústria automobilística nos seis primeiros meses do ano. No setor de veículos, enquanto o resultado apontou para crescimento nas vendas de 12,1% e de 2,8% na produção, na comparação com o primeiro semestre de 2018, as exportações apresentaram queda de 41,5% – em função, principalmente, da crise na Argentina, principal destino nossos veículos nacionais.
O setor agrícola e de construção mostrou um cenário de estabilidade nas vendas para o mercado interno e queda de 7,9% na produção. As exportações também fecharam o semestre com baixa de 2%. Apesar desse recuo nacional, a Anfavea espera que o setor de máquinas feche o ano com alta de 10,9% nas vendas, 2,5% nas exportações e 0,5% na produção.
O presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, revisou para baixo o volume de exportações no ano, com queda de 28,5%, mas manteve as boas expectativas para mercado interno e produção: “Estamos no intervalo de um jogo que tem dois tempos. Com os indicadores que temos de inflação baixa, taxa de juros em queda e aumento de crédito, é possível apostar em um segundo semestre positivo. Mas isso depende da aprovação de uma reforma robusta da previdência, além de outras reformas que tragam de volta os empregos e a confiança dos consumidores e investidores. O Congresso Nacional tem de dar mais ouvidos ao ‘lobby’ da legião de desempregados e subempregados”.
A entidade divulgou também mais informações sobre o acordo firmado em 28 de junho entre os países que integram o Mercosul e a União Europeia: “A Anfavea participou ativamente das negociações nessas duas décadas para que esse acordo se tornasse realidade”, explicou Moraes. “Agora temos data para que o governo e a sociedade ataquem o Custo Brasil e melhorem nossa competitividade, pois iremos ingressar num jogo global de competição, repleto de oportunidades”.
Assim que o acordo for referendado por todos os países, o que deve levar mais de dois anos, entrará em vigor no setor automotivo um regime de cotas, no qual 32 mil unidades de automóveis poderão entrar no Brasil com Imposto de Importação de 17,5%. Acima dessa cota, a alíquota será mantida em 35% por sete anos. No oitavo ano, o imposto cai para 28,4%, com reduções anuais (21,7%, 15%, 12,5%, 10%, 7,5%, 5% e 2,5%), até o livre comércio total no 16º ano do acordo.
O contrato prevê ainda um índice de regionalização (componentes originados nos dois blocos) de 55% para veículos e de 50% para autopeças. E também a redução gradual de impostos para autopeças importadas, até zerar num prazo de 10 anos (15 anos para itens de maior complexidade, como motores).
Moraes disse que o acordo deve ser encarado de uma maneira ampla, pensando em todos os setores da economia envolvidos no intercâmbio: “Esse acordo histórico vai gerar empregos, maior fluxo comercial e crescimento do PIB, por isso vai trazer benefícios e oportunidades para toda a cadeia produtiva, inclusive a automotiva. A partir de agora, o novo cenário de integração comercial já entra no radar do planejamento estratégico de todas as montadoras que atuam nesses dois blocos comerciais”.
A Secretaria Nacional do Consumidor, Senacon, atualizou as portarias 3 e 618 do Ministério da Justiça e Segurança Pública, que trata sobre o recall. A Anfavea esteve presente nas discussões relativas às mudanças nas regras do recall com o objetivo de aumentar a efetividade dos chamamentos. A expectativa é que o índice suba dos atuais 40% para algo entre 80% e 90%, que é o padrão internacional.
A partir de agora, o Ministério da Justiça e Segurança Pública iniciou uma parceria com o Departamento Nacional do Trânsito, o Denatran, do Ministério da Infraestrutura. Os órgãos editaram uma portaria conjunta para criar o Serviço de Notificação de Recall Nacional.
O Denatran passará a enviar mensagens diretamente aos proprietários dos veículos informando sobre o recall. Além disso, o documento do veículo informará se há algum chamamento aberto para que o próximo comprador tenha ciência da situação e, desta forma, estimule uma maior efetividade no processo.
Outra vantagem é que os fabricantes terão mais informações para enviar as peças do recall para as concessionárias mais próximas dos atuais proprietários dos veículos envolvidos.