Empresas perdem milhões por falhas na execução de obras corporativas
Cena comum no mundo corporativo, poucos meses após a conclusão de uma nova sede, começam os primeiros sinais de desgaste, com infiltrações em paredes recém-pintadas, tomadas que não funcionam, climatização ineficiente e vazamentos ocultos. De acordo com levantamento da Associação Brasileira pela Conformidade e Eficiência das Instalações (Abrinstal), sete em cada 10 falhas em edificações comerciais decorrem da má execução da obra, e não de erros de projeto.
Essa negligência técnica tem um custo elevado e quase sempre subestimado: a manutenção corretiva, aquela feita após o surgimento dos problemas, pode representar até três vezes o custo de uma manutenção preventiva bem planejada. E no caso de edifícios empresariais, que operam com alta demanda energética, tecnológica e de conforto, o impacto pode representar até 25% do custo operacional total ao longo de cinco anos, segundo estudo da AECWeb.
“Uma obra mal executada parece mais barata na largada, mas se torna um passivo oculto para a empresa. O que se economiza na obra, gasta-se depois em retrabalho, paralisações e prejuízos à operação”, afirma Celso Zaffarani, CEO da Zaffarani Construtora, especializada em obras corporativas com alto desempenho técnico. Ele aponta os principais erros de execução identificados em obras empresariais envolvem:
. Impermeabilização deficiente, que leva a infiltrações e mofo;
. Instalações elétricas com sobrecarga ou subdimensionamento;
. Ausência de planejamento para pontos de manutenção futura (como shaft mal posicionado ou sem acesso técnico);
. Incompatibilidade entre materiais importados e sistemas construtivos nacionais;
. Isolamento térmico mal aplicado, que compromete a eficiência energética.
“Já atendi empresas com salas inutilizadas por meses porque o ar-condicionado central, mal instalado, gerava goteiras diárias. O projeto era excelente, mas a execução, nem tanto”, afirma Celso.
Um estudo publicado pelo International Facility Management Association (IFMA) revela que o custo médio de manutenção predial anual pode variar entre R$ 120 e R$ 300 por metro quadrado em prédios comerciais no Brasil, dependendo da qualidade da obra e da gestão técnica desde o início. Em projetos com alta incidência de retrabalho, esse valor pode saltar para acima de R$ 500/m² ao ano.
Além do impacto financeiro, há o prejuízo reputacional. “Se a sede da empresa apresenta problemas estruturais ou estéticos, o cliente ou parceiro percebe. A qualidade da obra reflete diretamente na imagem da marca”, pontua o engenheiro.
Para mitigar esses riscos, a Zaffarani aplica protocolos avançados de compatibilização de projetos, mapeamento de interferências, simulações de desempenho e ensaios técnicos durante a execução — práticas ainda pouco comuns no mercado. “O Brasil precisa valorizar mais quem executa com excelência. Fala-se muito em projetar bem, mas pouco em executar certo. E é na execução que a empresa garante que aquilo que foi idealizado no papel vai funcionar de verdade por 10, 20 anos”, frisa Zaffarani.