Chuvas provocam mortes e caos nas cidades da Baixada Santista
As fortes chuvas que caíram sobre a Baixada Santista durante a madrugada provocaram ao menos 11 mortes nas cidades de Santos, Guarujá e São Vicente. Uma pessoa continua desaparecida. O governador João Doria e o coordenador estadual da Defesa Civil do Estado, coronel Walter Nyakas Junior, vieram à região para se reunir com prefeitos e avaliar as necessidades.
Dados do Núcleo de Gerenciamento de Emergência da Defesa Civil do Estado indicam que o acumulado nas últimas 12 horas de chuvas no Guarujá foi de 282 mm, em Santos de 218 mm, em Praia Grande 170 mm, São Vicente 169 mm e Mongaguá 160 mm, Cubatão 132 mm e Itanhaém e Bertioga o acumulado foi de 110 mm.
A previsão para hoje é de chuva moderada a forte em todo o litoral do estado, incluindo a Baixada Santista, devido a formação de uma área de baixa pressão e a circulação dos ventos nos altos níveis da atmosfera.
Em Santos, todo o efetivo da Defesa Civil, além do Corpo de Bombeiros, Guarda Municipal e equipes de zeladoria estão mobilizados para atender ocorrências na cidade. De acordo com a Defesa Civil de Santos, o acumulado pluviométrico das últimas 72h é de 328,8 mm. Somente na noite de ontem, o índice alcançou 208 mm – quase a média histórica de todo o mês de março (293,8mm).
Santos já registrou recorde histórico de chuvas em fevereiro (916,6 mm). A média esperada para o mês era 291mm. Todos os morros estão em estado de atenção para deslizamentos.
No Morro do Tetéu, uma mulher de 30 anos morreu vítima de um deslizamento. O Corpo de Bombeiros resgatou uma criança no Morro do Fontana. A vítima foi socorrida pela corporação e levada para atendimento na Santa Casa. Houve um soterramento no Morro Santa Maria, onde o Corpo de Bombeiros retirou um morador sem ferimentos de uma casa atingida.
Foram registradas ocorrências de deslizamentos nos morros Santa Maria, São Bento, Vila Progresso e Monte Serrat, além do rolamento de um bloco de rocha no Monte Serrat.
Os moradores foram orientados a conduzir de forma segura a água da chuva, ou seja, a não deixar que escoe de forma concentrada em terrenos inclinados. Também foram fornecidas lonas plásticas para proteção das áreas afetadas e foi solicitado à Subprefeitura dos Morros o trabalho de fragmentação e diminuição do bloco de rocha.
Também houve a queda de uma árvore de grande porte no bairro Piratininga – ocorrência também atendida pelos Bombeiros.
A Defesa Civil atendeu a mais de 70 ocorrências entre os seguintes pontos: Morro da Penha (2), Morro do Jabaquara (1), Morro do Fontana (4), Morro do José Menino (1), Saboó (2), Morro da Caneleira (2), Monte Serrat (3), Morro Santa Maria (8), Vila Progresso (3), Marapé (5), Nova Cintra (7), Morro do Pacheco (4), Morro São Bento (10), Morro do Bufo (1) e outros locais da cidade (mais de 16).
“Estamos priorizando os atendimentos às vítimas, principalmente nos morros, que foram mais impactados com obstrução de vias e escorregamentos”, disse o prefeito Paulo Alexandre Barbosa: “Assim como todos os abrigos da Cidade, que já estão de portas abertas, a Prefeitura também colocou à disposição das famílias a Vila Criativa da Vila Progresso e a nova escola municipal Terezinha Maria Calçada Bastos, no São Bento”.
Em função da dificuldade de acesso, estão suspensas as aulas nas escolas municipais Cyro de Athayde, morro Nova Cintra; Martins Fontes, morro da Penha; Samuel Leão de Moura, Areia Branca; Maria Luiza S. Ribeiro, Saboó; Hilda Rabaça, Chico de Paula; Nelson Toledo Piza, Saboó; Antônio Passos Sobrinho, Macuco; Maria Patrícia, Valongo; Oswaldo Justo, Chico de Paula; Noel Gomes Ferreira, Caruara; Judoca Ricardo Sampaio, Caruara, e Leonardo Nunes, Castelo.
A exceção é a escola Terezinha Calçada Bastos, no Morro São Bento, que está funcionando como ponto de acolhida para desabrigados. A Secretaria de Educação destaque que em algumas escolas, em outros pontos da Cidade, entre elas, a UME Martins Fontes, os pais estão deixando seus filhos em razão do receio de ficar em casa, por causa do risco de deslizamentos. No momento, supervisores e direção das escolas, estão analisando as condições de funcionamento das unidades.
Os restaurantes populares Bom Prato São Bento e Mercado não abrirão nesta hoje em virtude da dificuldade de os funcionários de chegarem ao local de trabalho, já que muitos moram em outras cidades.
O Fundo Social de Solidariedade de Santos informa que há neste momento uma necessidade maior de doações de colchões, travesseiros e roupa de cama. Outros itens também são necessários: roupa de banho, alimentos em geral, água e produtos de higiene pessoal.
Locais para doação: Fundo Social de Solidariedade de Santos, na Avenida Conselheiro Nébias, 388; Vila Criativa da Vila Progresso, na Rua Três, s/nº; e Vila Criativa da Zona Noroeste, na Avenida Hugo Maia, 293 – Rádio Clube).
Em São Vicente, a Prefeitura, por meio da Defesa Civil, informou que registrou deslizamentos nos morros do Itararé, Barbosas, Ilha Porchat e Parque Prainha, onde há duas pessoas desaparecidas. O desabamento ocorreu por volta da meia-noite. As equipes do Corpo de Bombeiros trabalham nas buscas.
A cidade registrou o mês de fevereiro mais chuvoso dos últimos 67 anos. O índice pluviométrico alcançou a marca histórica de 915,2 mm. O acumulado de chuvas nas últimas 72 horas é de 330 mm. O total de chuvas registrado no mês de março é de 309,8 mm. O nível vigente é de alerta. O esperado para o mês é 400 mm.
Na Vila Valença, o chão do banheiro de uma clínica de repouso cedeu e um idoso está desaparecido. O local foi interditado. As famílias de sete idosos foram notificadas. Eles foram acolhidos pela equipe da Secretaria de Assistência Social (Seas) e encaminhados para abrigo municipal.
Na Avenida Saturnino de Brito, próximo ao número 400, no Parque Prainha, três moradias foram interditadas pela Defesa Civil.
Houve escorregamento de pedras na Avenida Newton Padro, próximo à Ponte Pênsil. Sem vítimas. A Secretaria de Trânsito e Transportes (Setrans) sinalizou a área. A orientação aos motoristas é que evitem trafegar pelo local.
No morro dos Barbosas houve escorregamento na região próxima ao hotel Chácara do Mosteiro. Não há vítimas. Os resíduos obstruíram a rua.
A Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Obras Públicas (Sedup), atua em toda cidade na remoção de resíduos provenientes dos escorregamentos e alagamentos.
A equipe, composta por representantes da Defesa Civil e de secretarias de governo trabalham desde a madrugada no atendimento às ocorrências.
Durante a manhã, a cidade registrou pontos de alagamentos nas regiões do Jóquei Clube e Cidade Náutica.
A Seas disponibiliza o telefone (13) 3569.2222 para atendimento de desabrigados/desalojados.
O Fundo Social de Solidariedade de São Vicente está recebendo doações de móveis, roupas, calçados, alimentos e materiais de higiene e limpeza. O endereço é Rua Benedito Calixto, 205, Centro. O horário de atendimento é das 9 às 17 horas, telefone (13) 3467.9118.
Devido aos alagamentos, a circulação das linhas de transporte municipal, que atuam nos bairros Jóquei Clube e Cidade Náutica, está prejudicada.
O Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) também teve a operação suspensa, devido a deslizamento de terra próximo ao túnel que faz a ligação entre as cidades de Santos e São Vicente.
A Secretaria de Educação (Seduc) suspendeu as aulas em seis escolas e duas creches devido às chuvas. Na Área Continental são EMEF Jorge Bierrenbach Sienra, EMEF Saulo de Tarso e Creche Sandra Antonelli. Na Área Insular, a EMEF Antonio Pacífico, EMEF Mauro Godoy, EMEI Regina Célia e Creche Geralda Ernestina da Silva.
O Centro de Atendimento de Traumatologia e Ortopedia (Cato) e o Reabilitar I, na Cidade Náutica, e as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) Sambaiatuba, Pompeba e Vila Margarida tiveram as atividades suspensas devidos aos alagamentos.
Os equipamentos de urgência e emergência em saúde não registraram ocorrências e funcionam normalmente.