Tecnologia ajuda no acesso ao crédito
Embora ter um negócio próprio seja o objetivo de muitos brasileiros, alcançá-lo pode estar mais distante do que se imagina e isso se deve, em grande parte, à falta de crédito. É o que constatou pesquisa realizada no segundo semestre pela 1datapipe, empresa de IA focada em insights e análises de clientes, ao apurar que 41% dos entrevistados desejariam empreender, caso tivessem mais facilidade a serviços financeiros. A pesquisa foi conduzida com 521 brasileiros com o objetivo de investigar os principais desafios enfrentados pela população por não ter acesso a serviços financeiros adequados e sua jornada de aprovação de aplicações para serviços financeiros.
O Brasil é um país com grande potencial para o empreendedorismo, principalmente voltado a pequenos negócios. No primeiro quadrimestre de 2023, 97,7% do total de empresas abertas foram micro ou de pequeno porte, segundo levantamento do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. O cruzamento desses dados destaca o potencial de crescimento econômico não explorado, com benefícios para a geração de negócios, renda e empregos no Brasil.
O indicador mais utilizado por bancos e instituições financeiras para conceder produtos monetários a uma pessoa é o score de crédito. Ter um bom score permite ao cidadão uma participação mais ativa na economia bem como maior liberdade na gestão de seu próprio dinheiro. Porém, o atual modelo que realiza esse cálculo utiliza uma quantidade restrita de dados, que são insuficientes para analisar a complexidade dos perfis dos cidadãos brasileiros, resultando na exclusão de uma parcela substancial de clientes e isso inclui a abertura de crédito para o primeiro negócio.
A 1datapipe constatou que, atualmente, cerca de 70% dos brasileiros são considerados sub-bancarizados, isto é, pertencem a um grupo que têm um potencial de consumo de serviços financeiros acima do disponibilizado pelos bancos e instituições financeiras. A dificuldade de acesso a serviços adequados para cada necessidade é uma resistência que esse grupo enfrenta para prosperar economicamente. Entre os entrevistados, 73% acreditam que os bancos não consideram todos os aspectos necessários para uma análise fiel do seu perfil financeiro e 67% dizem que as análises podem conter preconceito social.
Ainda segundo a pesquisa, 83% acham que os bancos são muito burocráticos quando se trata de liberar crédito e fazer outras análises de clientes. A demografia dos sub-bancarizados da empresa aponta que metade dessas pessoas apresenta atributos positivos para cumprir seus compromissos, acúmulo de fortuna e bom comportamento de pagamento, mas apesar disso não estão no radar das instituições financeiras.
O uso da Inteligência Artificial e Machine Learning aplicado a estas análises pode contribuir para simplificar e aprimorar tal processo. “Estamos vivenciando uma época em que a disponibilidade de dados é abundante. Portanto, processos que envolvem tomadas de decisão baseadas em dados, como no caso de análise de crédito, poderão se tornar mais acurados à medida que as organizações tenham em suas estratégias a implementação de sistemas de acesso a fontes diversificadas de qualidade”, comenta Carey Anderson, CEO da 1datapipe.
O executivo explica que, com a Inteligência Artificial e Machine Learning, as ferramentas que prestam assistência aos tomadores de decisão são muito mais efetivas, tornando as análises de perfis mais velozes, assertivas e organizadas, evitando reprovar perfis com potencial de consumo financeiro confiável: “Essas tecnologias têm um papel crucial na inclusão financeira dos cidadãos brasileiros, que pela conjuntura socioeconômica do país, apresenta um perfil mais complexo para ser analisado. Com investimento estratégico nessas aliadas, o segmento financeiro deverá ser capaz de superar a defasagem do sistema atual de análise de perfil, retratando uma nova realidade para os brasileiros que também desejam começar negócios próprios e fazer outros investimentos, beneficiando a cadeia econômica como um todo”.