Vem, setembro!
Luiz Carlos Ferraz
Desafortunado por natureza, agosto mostrou vigor em grande parte de seus dias e está no páreo no ranking dos meses mais infelizes de 2020 – no momento, liderado por março, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) elevou o estado da contaminação à pandemia de Covid-19, causada pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2). Trata-se de uma tragédia sem precedentes, embora deva ser salientado que foi em dezembro de 2019 que o vírus surgiu na cidade chinesa de Wuhan. Mas agosto é pródigo em desgosto, no Brasil, por uma série de fatos relevantes envolvendo presidentes e ex-presidentes: o suicídio de Getúlio Vargas em 1954, a renúncia de Jânio Quadros em 1961, a morte de Juscelino Kubitschek em 1976, o impeachment de Dilma Rousseff em 2016… No plano internacional, o infortúnio mais relevante refere-se às bombas lançadas contra Hiroshima e Nagasaki, no Japão, em 1945. Agosto de 2020, por ora, será lembrado no calendário de desventuras como o mês em que a pandemia superou a marca de 110 mil mortes no Brasil e 800 mil no planeta; sendo bem provável que chegue a 1 milhão antes que entremos em 2021. Mas não apenas por isso, pois o país tem a contabilizar outras tribulações, sob o patrocínio, por ação e omissão, de um governo sem compromisso social com a saúde, a educação, a cultura, o meio ambiente, enfim, que teima em conduzir uma pauta viciada por interesses menores. A catástrofe ambiental neste agosto já destruiu pelo fogo 10% do pantanal mato-grossense, algo em torno de 17 mil quilômetros quadrados; e continua de forma sistemática dizimando a floresta amazônica. As perdas na flora e na fauna, com a redução de espécies, são fantásticas! Tanta desgraça não impedirá que setembro traga a Primavera!