O desafio de Santos
Luiz Carlos Ferraz
Os sinais de esgotamento físico da Ilha de São Vicente, na Região Metropolitana da Baixada Santista, mais notadamente em sua porção pertencente ao município de Santos, tendem a projetar um futuro de extrema delicadeza ao mercado imobiliário local. Desde o fracasso, ou, na melhor das hipóteses, o adiamento dos efeitos virtuosos dos negócios de petróleo e gás – e a isto vindo se somar o rebuliço político nos balcões de Brasília, considerando que, encerrado o pleito municipal, o foco ilumina o oportunismo para as composições espúrias de olho na sucessão presidencial – (tudo isso amaldiçoado pela lama da corrupção), não é segredo para ninguém que o segmento está praticamente paralisado. O sintoma se percebe na suspensão de lançamentos, na queda no ritmo das obras em andamento, o que acaba gerando atraso nas entregas, e no salve-se quem puder que predomina no setor de prontos e usados, embalando oportunidades para alguns e diminuindo a expectativa de lucro para muitos. É o mercado se acomodando, sim; mas, enquanto isso, com tantas variáveis negativas e umas poucas positivas no horizonte da indústria da construção, o desemprego aumenta, algumas empresas encerram ou reduzem atividades, e quem surfou a onda em mais de uma década de boas vendas aproveita para passear na Europa, esperando ter ânimo para redefinir o planejamento estratégico e as ações para daqui a 10 anos – o prazo que os economistas mais sérios dão para o Brasil acertar suas contas e retomar o ciclo de desenvolvimento como um todo. No caso local, infelizmente, Santos terá que enfrentar um desafio ainda maior, na luta desencadeada contra as forças da Mãe Natureza, que já deu mostras de sua capacidade destrutiva em recentes ressacas marítimas e ameaça inundar a orla de alguns bairros junto ao Estuário do Porto, caso, efetivamente, não sejam adotadas medidas eficientes de Engenharia; e que, caso não ocorram, tenderá a frear ainda mais a pretensão de futuros investimentos imobiliários.