Não há vinho!
Luiz Carlos Ferraz
À espera de milagres anunciados, o Brasil segue os primeiros dias de 2019 sem livrar-se do intrincado sistema de corrupção que o sustenta, não de hoje, mas por tantas décadas, talvez séculos de exploração. Natural que o mar de lama não se abriria num passe de mágica, ou, como prometido, por meio de um milagre. A constatação, no entanto, de que a farinha é toda do mesmo saco, e que será preciso cortar as vísceras para livrar o país da já conhecida sanha de salafrários, parece tornar a tarefa ainda mais difícil para o novo governo. Afinal, se é possível comemorar algumas medidas, aparentemente saneadoras, extinguindo privilégios e desmandos, especialmente na área da Previdência, também é admissível assombrar-se com atos oficiais confusos e contaminados pelo ódio, causando terror em terras indígenas; ações estapafúrdias de ministros despreparados; revelações explosivas sobre as relações entre o filho do presidente, o então deputado estadual pelo Rio de Janeiro e hoje senador, Flávio Bolsonaro, e seu motorista Fabrício Queiróz, e suas respectivas movimentações financeiras suspeitas. Denúncias que paralisaram a banda ética do poder, deixando estupefato o ministro Sérgio Moro, e levaram os investigados a pedir socorro ao Supremo Tribunal Federal, apostando no adiamento da apuração de responsabilidades. A tragédia aguarda que tragam o vinho!