Mês sem graça
Luiz Carlos Ferraz
Embalados pelo péssimo momento em que vive a economia brasileira, os alarmistas de plantão passaram o mês profetizando mais um agosto repleto de tragédias. Erraram nos Jogos Olímpicos Rio 2016, um tremendo sucesso; sequer um caso de Zika! Historicamente, contudo, agosto não é mês de boas lembranças e, sendo assim, deixo de relacioná-las, pois nada acrescentaria neste momento em que já ouso comemorar a chegada dos ventos setembrinos que anunciam a Primavera, com muitas flores e renovação. Evidente que coleciono pungentes recordações de agosto e desta vez fatos pessoais – como a despedida de minha querida mãe Cecília –, locais, nacionais, internacionais (ah! quantas tragédias pelo mundo marcaram este agosto…), com certeza estão cravando marcas profundas não só na minha mente e n’alma, mas na de centenas de milhares de pessoas, que de uma forma ou de outra devem também estar sofrendo com a onda de eventos desgraçados do famigerado agosto. Assim, enfrentar esses dias que parecem não terminar entre julho e setembro, há de ser quase sempre um exercício de coragem, talvez de convencimento, de que não é razoável atribuir tamanha energia negativa ao mês cujo nome tem origem do latim augustus, assim chamado em homenagem ao imperador romano César Augusto, e que ao mesmo tempo projeta algo divino, sublime, majestoso, diferente deste mês tão sem graça.