Haja cartomante…
Nelson Tucci
“A cigana leu o meu destino… / Eu sonhei!… / Bola de cristal… / Jogo de búzios, cartomante… / E eu sempre perguntei… / O que será o amanhã?… / Como vai ser o meu destino?”
A música “O Amanhã”, celebrizada por Simone, é uma inspiração nesses dias. Senão vejamos: em março deste ano, especialistas ouvidos pelo Banco Central apostavam em um PIB 3% maior neste ano. Depois de uma cruel recessão vinda de três anos anteriores, finalmente chegava o momento de crescer – ainda que sobre uma base fragilizada. Já em abril os números apontados eram de 2,7% e em maio 2,5% e 2,3%. Em junho voltaram os 2,7% aos cenários projetados e, agora em julho, o BC reduziu a projeção para parcos 1,6%. Ao esquálido quadro econômico, juntemos o político, seu irmão siamês. Candidatos ao Palácio do Planalto ainda não fecharam a chapa oficial, pois continuam negociando freneticamente seus vices – já houve até quem tenha jogado a toalha –, a exemplo de candidatos ao Senado. Isto tudo a pouco mais de 60 dias do pleito mais importante no País. O Congresso Nacional, de tantos dissabores nos últimos tempos, e que costuma ter índice de 60% de renovação, dificilmente deverá ultrapassar os 20% de renovação (apostam os cientistas políticos) nas eleições de outubro…
E como todo este imbróglio não fosse suficiente, no Judiciário as decisões maiores são sempre incógnitas. O eleitor médio (em termos de informação) fica atônito – e com razão. Até quando os trabalhadores, empresários e brasileiros em geral ficarão sem vislumbrar o destino? É razoável ficarmos, todos, no vácuo, ou já passou da hora de termos um país melhor organizado e previsível? Haja cartomante…