Estômago forte
As pessoas não dormiriam tranquilas se soubessem como os acordos políticos e as salsichas são feitas. A frase, clássica, foi relembrada pelo colega jornalista Ângelo Pavini esses dias; com propriedade, aliás. A Lava Jato desvendou o modus operandi de alguns “bem-bolados” políticos brasileiros e, agora, o povo descobriu com a Carne Fraca como se faz salsicha também. Em ambos os casos é preciso mais que um estômago forte. Empresários reclamam que meia dúzia de picaretas – criminosos mesmo, diríamos – foram confundidos com todo o setor. Exportações de carnes travaram do dia para a noite, face às repercussões. O governo tratou de socorrer o agronegócio indo à mídia com insistência para explicar a qualidade dos produtos cárneos. Ele falava, certamente, com o importador gringo e com o brazuca que frequenta churrascarias de carnes argentinas e australianas. Detalhe: 80% da carne aqui produzida é consumida no próprio país. Oitenta por cento, ok? Então quem fiscalizará os abatedouros de fundo de quintal e o açougue do Mercadinho do Zé? Haverá delação premiada para os fiscais permissivos, que visitavam frigoríficos sem ordem de serviço? Saberemos, afinal, o que rola nas eleições para a Mesa Diretora dos Legislativos no país? As exportações já retomam o fluxo de negócios. Mas e o brasileiro comum? Esse mesmo a quem são oferecidos café de segunda linha e carne podre, poderá confiar em quem mesmo?