Epidemia ética II
Luiz Carlos Ferraz
A nação brasileira necessita de uma vacina para salvar a ética. Desde Aristóteles, ela é estudada no planeta e se faz alerta para a sua falta; mas até hoje não se inventou a fórmula ou se descobriu o gene – quem sabe o desvio seja genético? – que faz com que este ou aquele cidadão tenha ou não ética. No Brasil, por algum motivo que não me atrevo a especificar, reconhecendo a dificuldade de uma comprovação cientifica, prolifera uma elite claramente sem ética. Não que no outro extremo da pirâmide social o miserável ou o pobre a tenham. Afinal, para galgar degraus na escada social muitos deles, de braços dados com a elite, pisarão na cabeça dos pares… E só se fez esse rápido exercício para deduzir que a falta de ética contamina, ou pode contaminar, pessoas de qualquer classe ou mesmo faixa etária – ainda que a mesma admita que não soubesse exatamente do que se tratava. Daí a tese do caráter natural, quiçá genético, ou quem sabe ambiental, a fazer vicejar com mais facilidade essa doença… da alma (?). Não convence a desculpa de administradores públicos, políticos e magistrados de que somente aceitam privilégios imorais, como o famigerado auxílio-moradia para aquele cuja família reside na cidade onde trabalha, só porque a lei contempla. Por que os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) acumulam tantas benesses? Afinal, quem fiscaliza o STF? Não há que se duvidar que tais autoridades saibam exatamente o significado de seus atos. Ao projetar-se singelos exemplos de falta de ética, o leitor lembrará de muitos outros, especialmente neste momento eleitoral, e que não podem ser confundidos com soberba, gula, inveja etc., que são vícios de gente normal. Na Terra de Gerson a falta de ética já virou epidemia.