Cuidados permanentes
Luiz Carlos Ferraz
Cada vez mais se fala, especialmente nas rodas políticas, em cuidar de pessoas, seja do idoso, ou da criança, ao se florear o discurso quase unânime sobre a necessidade de se formular uma política pública que ofereça cuidados à pessoa em situação de rua. Evidente que, numa sociedade mais justa, nem seria preciso pugnar por programas com esta finalidade, ainda mais neste ano eleitoral, quando propostas e promessas serão reapresentadas pelos candidatos, para serem esquecidas logo após o resultado das urnas. No litoral paulista não será diferente. Afinal, se hoje não se vislumbra no horizonte programa algum comprometido em resolver os problemas dessa população – além daquele cujo atendimento inicia com o acionamento da guarda municipal armada –, não há dúvida que isto se deve à falta de vontade dos governantes de plantão. O abuso do bordão, de deixar do jeito que está para ver no que vai dar, demonstra que o contingente de pessoas que vive na rua nunca deixará de existir, de per si, se não houver ações efetivas de inclusão. O que se exige não é muito, apenas o acompanhamento de profissionais treinados para realizar as tarefas com amor. Trata-se de um atendimento que deve ser personalizado caso a caso, pois são pessoas que precisam muito mais do que um pedaço de pão e um banho; elas necessitam de cuidados permanentes para conseguir viver com um mínimo de dignidade. E assim como elas têm direitos, o administrador tem obrigações, entre as quais a de criar condições para que tais direitos sejam satisfeitos. Do contrário, não há porque se candidatar a cargo público.