Casa da Mãe Joana
Luiz Carlos Ferraz
Relaxe, você está na Casa da Mãe Joana. Aqui a vacina está proibida, não é obrigatório o uso de máscara e a aglomeração faz parte do pacote. Aliás, no mês dos namorados, o deboche com a vida está liberado aos casais, com tratamentos que incluem cloroquina, hidroxicloroquina e ivermectina à vontade (a aplicação retal do ozônio é opcional) e carreata na festa de despedida… Não, a gestão da Casa da Mãe Joana não merece arrancar sequer um sorriso. Na real, ela não tem a mínima graça neste momento de tragédia, quando o país caminha para meio milhão de mortos pela Covid-19. Não é hora de tripudiar ainda mais com o genocídio. Pelo contrário. A expectativa, em meio à proliferação de pedidos de impeachment do presidente da República, é que a maior crise sanitária da história que o Brasil já enfrentou seja passada a limpo na CPI da Pandemia – a Comissão Parlamentar de Inquérito em curso no Senado Federal que investiga omissões e irregularidades na condução da saúde pública. Até este momento, os depoimentos têm confirmado o que desde o início a Imprensa denuncia de forma reiterada. Depoimentos bizarros, sendo o mais chocante deles, o do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello. O general de Exército compareceu escorado num habeas corpus que serviu de salvo-conduto para mentir descaradamente e impedir sua prisão em flagrante. O presidente Jair Bolsonaro tem que depor na CPI da Pandemia. O Brasil não é a Casa da Mãe Joana, ainda que isto frustre alguns.