Bolsões de compras
Nelson Tucci
O impacto da Covid-19 nas demonstrações financeiras das companhias abertas é uma das pautas do mercado financeiro atualmente. Uma discussão necessária para se avaliar impactos reais e se desenhar rotas a partir daqui, mas aparentemente sofisticada demais para o grande público. Contudo, como o Perspectiva é um jornal que permeia amplos setores da economia e da vida das pessoas, vale simplificar, pois o fato de que a vida será diferente pós-Covid todos sabemos; até porque ela já o é hoje – quando ainda estamos na linha ascendente da pandemia. Tome-se o ensinamento do ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, que acredita no fim da globalização com os mercados se voltando cada vez mais para dentro. Se juntarmos a esta expectativa o modus vivendi dos primeiros imigrantes no Brasil – que criavam comunidades e se retroalimentavam, integrando-se ao “novo mundo” de forma paulatina –, teremos um modelo que pode servir de inspiração. Modernamente poderemos chamá-lo de “bolsões de compras”. Não é nada novo, uma vez que se trata de sobrevivência, mas pode ser extremamente positivo. O consumidor de Santos compra o que precisar em Santos. Ou, se não achar, buscará em São Vicente, Praia Grande, Bertioga, Guarujá… O empresário contrata pessoas de sua cidade, pensa em parcerias locais/regionais, prestigia a mídia raiz – do bairro, da cidade, da região. Com isto, é bem possível que consigamos sobreviver com dignidade e iremos, passo a passo, nos fortalecendo outra vez.