Edição 353Junho 2024
Terça, 16 De Julho De 2024
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Publicado em 9/06/2024 - 7:01 am em | 0 comentários

Divulgação

Mostra de Cinema de Ouro Preto destacará a animação brasileira

Seis dias de programação intensa e gratuita

Mostra de Cinema de Ouro Preto destacará a animação brasileira

A cidade de Ouro Preto, Patrimônio Histórico da Humanidade, será sede da 19ª CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto, entre os dias 19 e 24 de junho. Trata-se do único evento brasileiro com enfoque no cinema como patrimônio e a estruturar a programação em três temáticas: preservação, história e educação. Cada uma delas têm atividades complementares, em sessões de filmes, debates, rodas de conversa, estudos de caso e lançamentos de livros.

Durante seis dias de programação intensa e gratuita, o público vai conferir mais de 32 sessões de cinema com exibições para todas as idades em dois cinemas instalados especialmente para o evento: o Cine-Praça, ao ar livre, na Praça Tiradentes (plateia de 500 lugares); e o Cine-Teatro, no Centro de Convenções (plateia de 510 lugares). Para além das sessões, as atividades incluem debates, masterclasses, rodas de conversas, oficinas, Mostrinha, atrações musicais e várias outras atividades espalhadas pela cidade, pelo Centro de Artes e Convenções e na Praça Tiradentes.

Na programação audiovisual, são 153 filmes em pré-estreias e mostras temáticas – (15 longas, 1 média e 122 curtas-metragens), vindos de 7 países (Brasil, Angola, Argentina, Benin Colômbia, França e Portugal) e de 18 estados brasileiros (AC, BA, CE, DF, ES, GO, MA, MG, MS, PA, PB, PE, PI, PR, RJ, RS, SC, SP) distribuídos em oito mostras: Contemporânea, Homenagem, Preservação, Histórica, Educação, Mostrinha, Cine-Escola, Contemporânea TV UFOP e IC Play.

“A CineOP tem se destacado não apenas pelo enfoque conceitual diferenciado de abordar o cinema de maneira ampla em três frentes temáticas – preservação, história e educação, mas também por ser um espaço privilegiado de discussões de políticas públicas para a preservação audiovisual e as conexões entre o cinema e a educação – duas linguagens que se enriquecem mutuamente realizando encontros, incentivando reflexões, provocando discussões, apresentando projetos, iniciativas e filmes instigantes e fortes na relação com o seu tempo e pelo que representam. Ao longo de sua trajetória sempre esteve atenta às mudanças no campo da preservação, ao mesmo tempo, que propõe olhar para a história com perspectiva de futuro e, ainda, aproximou a educação do cinema criando espaços de construção coletiva para contribuir com o momento atual e urgente para a presença do audiovisual nas escolas”, relata a coordenadora geral Raquel Hallak.

A ser realizado na CineOP, o 19º Encontro Nacional de Arquivos e Acervos Audiovisuais Brasileiros e o Encontro da Educação: XVI Fórum da Rede Kino seguem como ambientes referenciais de discussões e definições a profissionais e educadores. No total estão previstos 31 debates e rodas de conversa, com a participação de mais de 120 profissionais nacionais e internacionais nas mais variadas atividades e encontros.

O evento oficial de abertura acontece na noite de quinta-feira, 20, às 19h30, na Praça Tiradentes. A sessão de abertura vai contar com a exibição de seis curtas-metragens animados que irão fazer um breve percurso histórico para ilustrar, logo de início, o recorte desse ano na CineOP: “Passo” (Alê Abreu, 2007), “Respeitável Público” (Irmãos Wagner, 1987), “A Saga da Asa Branca” (Lula Gonzaga, 1979), “Até a China” (Marão, 2015), “Novela” (Otto Guerra, 1992) e “Castelos de Vento” (Tania Anaya, 1999). O evento este ano vai homenagear a trajetória histórica do cinema de animação brasileiro.

As curadorias de cada eixo da 19ª CineOP prepararam uma vasta programação que conecta filmes, aprendizados, pesquisas e conhecimentos para debates e exibições ao longo da semana. Na Temática Histórica, o conceito “Cinema de animação no Brasil: uma perspectiva histórica” propõe um retrospecto, em perspectiva, de uma das formas audiovisuais mais expressivas e também desafiadoras do país. A dupla de curadoria Cléber Eduardo e Fábio Yamaji coloca em pauta um estilo de produção que há mais de um século vem existindo e resistindo, sobrevivendo contra limitações técnicas e econômicas no país e sendo movida pela paixão heroica e autodidata de algumas iniciativas ao longo da maior parte de sua história. “A animação brasileira é marcada por descontinuidades nas carreiras da grande maioria de seus realizadores e por casos de títulos isolados de alguns; mesmo assim, segue persistente e permanente, sobretudo no curta metragem, seu principal meio expressivo, com uma dimensão estética e cultural considerável”, diz Yamaji.

De forma a permitir que o espectador da CineOP se familiarize com a trajetória da animação brasileira, a Mostra Histórica terá subdivisões, com exibições de filmes específicos a cada recorte: “Percurso histórico”, com o longa “Luz, Anima, Ação” (Eduardo Calvet, 2013), documentário que repassa a história dessa linguagem no país; “Homenagem”, com trabalhos do diretor Alê Abreu; “Anima docs”, com uma série de curtas-metragens documentais feitos em animação; “Repercussão internacional”, com curtas que tiveram ampla circulação fora do Brasil ao longo dos anos; “Animação de invenção”, com trabalhos de pegada mais experimental; e “Contemporânea”, com o mais recente longa de Marão, “Bizarros Peixes das Fossas Abissais” (2023).

Na Temática Educação, a curadoria de Adriana Fresquet e Clarisse Alvarenga propõe “Plano Nacional de Cinema na Escola: Comunicação, Cultura e Educação”. O objetivo será elaborar diretrizes e recomendações para a criação de políticas públicas que venham subsidiar o contato de educadores e também de crianças, da educação infantil ao ensino fundamental, e jovens do ensino médio, com as imagens e os sons de forma a garantir a qualidade social dessa experiência.

Na programação, masterclasses internacionais, sessões de filmes, apresentações de projetos audiovisuais educativos, debates e reuniões de trabalho da Rede Latino-Americana de Educação, Cinema e Audiovisual, além de quatro GTs (grupos de trabalho): formação docente; infraestrutura e equipamentos; acervos e curadorias; e pedagogias.

“A emergência das tecnologias digitais possibilita ampliar e diversificar as experiências pedagógicas, sonhar com escolas cada vez mais engajadas na produção coletiva e sensível de conhecimentos, articulando as experiências passadas com as possibilidades de invenção e comunicação atuais, mas a conectividade também deve prever tempos e espaços para a desconexão. O digital não pode ser o palimpsesto do analógico, quando pensamos na educação escolar e na vida”, diz a curadora Adriana Fresquet.

Na Temática Preservação, o eixo proposto pela dupla de curadores José Quental e Vivian Malusá será “O Futuro da Preservação Audiovisual Começa no Presente” e vai novamente reunir integrantes da ABPA (Associação Brasileira de Preservação Audiovisual) para mais uma rodada de conversas e articulações na luta pelo cinema como patrimônio. Mesas, conversas e seminários pretendem refletir sobre o impacto especialmente da inteligência artificial no ambiente da preservação, tratando dos desafios que ainda persistem na implementação das tecnologias digitais nas diversas áreas do setor. “Dados da FIAT (Federação de Arquivos de TV e Mídias) mostram que grande parte das televisões ao redor do mundo utilizam algum tipo de inteligência artificial generativa em seus trabalhos cotidianos, e a restauração de filmes também já começa a fazer uso desta tecnologia. E no Brasil, em que estágio estamos?”, questiona Quental.

O Encontro de Arquivos, parte da programação da Temática Preservação, contará com a presença de dezenas de profissionais, incluindo convidados internacionais, para levantar aspectos importantes pensados pela curadoria e de como um trabalho coletivo pode auxiliar no avanço desses processos. “A ampliação e desenvolvimento das redes de arquivos também é fundamental para uma perspectiva de futuro da área. Novas associações e redes têm sido criadas com este objetivo. Quais são estas redes e suas propostas de trabalho? Como potencializar as trocas teóricas e técnicas entre as instituições?”, completa o curador.

Como em todo ano, a CineOP conta com a participação de importantes profissionais internacionais numa série de masterclasses internacionais e mesas de debates voltadas a várias das temáticas. Na 19a edição, participam: Macarena Bello (Chile), que vai falar sobre ações de preservação Cineteca Nacional do Chile, onde ela é uma das coordenadoras; Cielo Salviolo (Argentina), gestora cultural, pesquisadora e consultora, que vai tratar de “Infância e cultura digital na escola”; e Sebastian Wiedemann (Colômbia), cineasta, pesquisador e filósofo, para falar sobre “Ecologia de imagens em desaceleração”.

Além de sessões e discussões, a CineOP tem ainda seu programa de formação, que além das três masterclasses internacionais, conta este ano com sete oficinas gratuitas: “A preservação do cinema através dos objetos: diagnóstico e estado de conservação”, com a doutora em Artes Jussara Freitas; “O Cinema na Sala de Aula”, com a doutora em Linguística Vanderlice Sól; “Produção audiovisual com inteligência artificial”, ministrada pelo cineasta Sergio Rossini; “Vídeo-maleta – Criação Audiovisual”, com o artista gráfico francês Jérôme Lopez; “Da ideia à tela: processo de realização de um filme de animação”, com a diretora e animadora Rosana Urbes; “Direção de Arte: A Estética da Cena”, com a diretora de arte Maria Cecília Amaral; e “Narrativas sonoras”, a ser oferecida pela diretora de som Bianca do Nascimento Martins. São ofertadas, ao todo, 250 vagas no Programa de Formação.

Os interessados podem se inscrever gratuitamente pelo site www.cineop.com.br

A CineOP leva o universo cinematográfico para próximo das crianças, adolescentes e educadores da rede pública de Ouro Preto, graças ao programa Cine-Expressão – A Escola vai ao cinema. É oferecida programação gratuita para criar um espaço de aprendizado entre estudantes e mesclar o audiovisual e a educação. Serão sete sessões de cinema seguidas de debates, elaboração de material didático para trabalhar os filmes na sala de aula e lançamento de livros.

Crianças e adolescentes, de cinco a 14 anos, poderão assistir a produções nacionais voltadas para sua faixa etária e participar de bate-papos após a exibição dos filmes. Serão sete sessões de cinema com 12 filmes brasileiros que apresentam temas universais e educativos para a formação de crianças e jovens. Os filmes serão exibidos nos dias 19, 20, 21 e 24 de junho (quarta, quinta, sexta e segunda) sempre na faixa das 8h e 14h, no Cine-Teatro (Centro de Artes e Convenções). Todas as sessões são exclusivamente para as escolas previamente inscritas.

As escolas participantes recebem ainda o material pedagógico de cada filme elaborado exclusivamente para o programa visando contribuir para o debate e a reflexão na sala de aula sobre os temas e abordagens que os filmes oferecem em suas histórias.

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