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Terça, 23 De Abril De 2024
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Publicado na Edição 291 Abril 2019

A mãe, não!

Luiz Carlos Ferraz

Decididamente, não é preciso articular uma premissa maior apenas para conferir lógica às minhas breves reflexões, pois não há nada mais incontroverso do que o significado de mãe. Há quem diga que mãe é tudo. Concordo e arremato: tudo é tudo! Recorro ao conceito do psiquiatra suíço Carl Gustav Jung, de que o arquétipo há de ser um padrão comum a todos os seres humanos, para vislumbrar que no caso da mãe ele projeta um conjunto das mais belas imagens, cuja mais sublime, certamente, é a que se venera como Nossa Senhora, Virgem Santíssima, ou simplesmente Maria. Não é preciso ser religioso para admitir a importância da mãe como o princípio, o mistério que gera a vida. Neste momento de divagação, em meio às comemorações ao Dia das Mães, o modelo nos remeterá também à cadela que lambe a cria e à árvore que oferta o seu fruto e alimenta, pois se chamará Mãe Natureza esse complexo de amor incondicional que anima e mantém viva cada uma das criaturas. Pelo pouco que se elencou, e também pelo que se pode imaginar, a palavra mãe deve ser sempre honrada e celebrada num patamar inatacável, aconteça o que acontecer. Lembro que no meu tempo de moleque, o código de ética da rua estabelecia que xingar a mãe do outro era motivo para acabar a brincadeira e sair na porrada. Sinto saudade daquele tempo! Por isso, causou extrema indignação o descaramento do ministro, em meio à discussão política, “ora Tchutchuca, ora Tigrão”, revelar todo o seu desequilíbrio e evocar a mãe do adversário.

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