Valorização garantida
Nelson Tucci
A economia é dinâmica. Muitas vezes por orientação técnica e necessidade de ajustes, noutras por circunstâncias que só uma pitonisa pode prever. Esta segunda hipótese é a que prevalece no presente momento, com os efeitos da pandemia do coronavírus. Vejamos o setor automotivo: retroagindo 10 anos, o preço médio de um veículo – da lista dos 10 mais vendidos – era de R$ 33.327. Hoje, dentro da mesma base de comparação, o preço médio é de R$ 96.528, ou seja, praticamente o triplo. Já em relação a entrega, uma outra novidade: com a pandemia, os usados ganharam mais valor, já que os novos estão com dificuldades de saírem completos das fábricas e na velocidade que o consumidor deseja.
Em 2011, os veículos listados da primeira à décima posição pertenciam às categorias compactas de entrada, modelos hatch ou sedã. E, segundo apuração da KBB Brasil, especializada em pesquisa de preços de veículos novos e usados, nenhum deles ultrapassava o limite de R$ 40 mil de preço médio das versões. O Celta (vulgo Celtinha) tinha o menor valor (R$ 24, 7 mil), enquanto o Voyage, o maior (R$ 39,5 mil). Em média o preço dos 10 carros mais vendidos da época ficava na casa dos R$ 33,3 mil.
Hoje, quatro dos 10 primeiros do ranking nacional são SUVs, o modelo que caiu na graça do brasileiro. Da lista dos Top 10 o mais barato é o Renault Kwid, de R$ 49,3 mil, e o mais caro é o Jeep Compass, com preço médio de R$ 187 mil. Com isso, o preço médio dos 10 mais vendidos de 2021 é praticamente o triplo dos campeões de vendas em 2011, ou seja, R$ 96,5 mil.
AGREGADO – Na virada do ano, e até umas semanas atrás, não era incomum encontrar os chamados “seminovos” mais caros que os novos. A pronta-entrega agregou valor. Com a crise dos componentes (sobretudo a dos semicondutores), os novos estão saindo das montadoras com dificuldade, no prazo e na quantidade. Assim, o consumidor se acostumou a pagar 3%, 3,5% a mais por um usado que seu equivalente 0 Km. No primeiro trimestre do ano, por exemplo, uma camionete Fiat Strada custava entre R$ 79 mil e R$ 79,8 mil. A “seminova” saía (em média) 3,37% mais caro. O Onix, então campeão de vendas, custava a partir de R$ 77,6 mil o novo, enquanto o “semi” saía (em média) R$ 79,5 mil. Por situação semelhante passaram o HB20 e o T-Cross.
E a coisa não deve se normalizar até meados de 2022, prevê a indústria automobilística no país, uma vez que a crise dos componentes é mundial. Com o atraso das entregas, o Brasil deverá deixar de produzir 280 mil veículos neste ano. E, pelas mesma contas, no mundo serão 8 milhões de veículos a menos que o projetado até 31 de dezembro. Portanto, cuide bem do seu velhinho, seja ele um clássico ou esportivo.
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